A ditadura dos algoritmos e o regresso à leitura

“Não há nada que substitua a leitura”. A afirmação vem de um cidadão muito esclarecido. Artur Santos Silva, o antigo banqueiro. Disse mais numa conferência da Livraria Lello. “Talvez estejamos novamente no tempo dos escritores”, considerou por sua vez o secretário de Estado da Cultura, Alberto Santos. Também disse que “no  tempo em que tudo parece confuso, é também o tempo em que precisamos, mais do que nunca, da lucidez, da coragem e da palavra dos escritores”.

Para os menos seniores, a questão coloca-se com pertinência: que raio de tempos são estes? E têm razão para pensar assim. Nunca foram bem esclarecidos sobre a história dos tempos que os menos jovens viveram. Talvez não tenham sido ensinados devidamente sobre a ‘nossa’ história.

A Europa, nomeadamente, sempre viveu em conflitos e convulsões estratégicas. Que afetaram o nosso mundo. Não foi só a ‘nossa’ guerra das colónias que ceifou gerações de jovens portugueses. Aconteceu a segunda guerra mundial, a guerra cível na nossa vizinha Espanha, a primeira grande guerra. E antes destas tantas outras.

E tivemos até há três décadas e meia e desde a segunda guerra a temível ‘guerra fria’. Com dois blocos de escala mundial a conflituar entre si. Estivemos a minutos de uma guerra nuclear, com o confronto dos mísseis de Cuba. 

Sempre foi assim. Assim parece que continuará infelizmente. 

Um tempo em que estranhamente escolhemos quem nos vai governar, baseados em meias verdades, quando não mentiras. Vivemos na  ‘ditadura’ dos algoritmos. 

Torna-se de facto mais importante o ‘regresso’ à leitura, daqueles que não nos enganam. Onde a imprensa e os escritores tem obrigatoriamente que assumir a sua missão.

(Esta crónica é publicada por cerca de 50 jornais)

Eduardo Costa, jornalista, presidente da Ass. Nac. da Imprensa Regional