1 Aug 2022
Luís Filipe Oliveira *
A vida do homem na terra é tão breve (raramente atinge ou supera 100 anos), que não deixa marca capaz de perspectivar o futuro, o progresso e felicidade dum povo. E os Organismos e Instituições, embora possam sobreviver além de 100 anos, porque dirigidos por indivíduos de vida breve e perecível, não garantem um modelo perfeito de vida para o cidadão que aí nasce e vive. Só a história cultural dum povo e algumas Instituições seculares, independentes do poder civil e religioso, é que comportam uma tão larga e diversificada experiência da vida humana em sociedade, que pode iluminar o presente e o futuro dos naturais dessa Região. É neste contexto que quero chamar a atenção dos Oliveirenses para uma secular instituição imaterial que tem marcado a história das freguesias do concelho de Oliveira de Azeméis, semana a semana, mês a mês, e ano após ano, transmitindo imagens indeléveis da vida e aspirações dos Povos e dos Organismos e Colectividades Oliveirenses e defendendo e promovendo o progresso e a cultura popular.
Esta tem sido a história da Imprensa de Oliveira de Azeméis, que, sem dotações Estatais, e, por vezes, com indiferença ou oposição do poder político, tem contribuído com artigos de formação e de cultura para o desenvolvimento sócio-cultural dos Povos e com as suas crónicas e reportagens tem carregado muitos e valiosos documentos e achegas para a futura história do nosso Concelho, que falta escrever.
Esta dupla função informativa e cultural tem sido a relevante e valiosa acção dos jornais do nosso Concelho, desde o século XIX (dezanove) até a actualidade.
Destaco do século XIX o “Jornal do Povo”, raridade existente na Casa Museu de Oliveira de Azeméis, e do Século XX a XXI lembro o semanário ”Correio de Oliveira”, “A Opinião”, “O Azemel”, “A Voz de Azeméis”, “O Alerta”, “O Mais Alerta”, o EDV, “Cidades On Line”, a Revista “Com Tradição”, que urge salvar de iminente extinção, e saúdo o macróbio decano da Imprensa Local, o Correio de Azeméis, fundado a 5 de Outubro de 1922, pelos Republicanos Basílio Pereira, como Director e Afonso M. S. da Costa, editor e administrador e, meses depois, pelo destemido e grande Republicano e Democrata Bento Landureza que passa a ser simultaneamente director, editor e proprietário do Jovem Correio de Azeméis, que seguidamente foi muito acarinhado pelo filho Francisco Landureza até emigrar para o Brasil e que, graças ao dinamismo e persistência de Eduardo Costa, tem sobrevivido à voragem do tempo que matou os semanários congéneres.
Em 1972, O Correio de Azeméis celebrou os 50 anos de vida com uma edição especial, com colaboração muito selecionada e muito apreciada pela população de Oliveira de Azeméis.
Hoje, na posse e direcção de Eduardo Costa, o Correio de Azeméis apresenta-se, todas as semanas, robusto e fresco, de excelente apresentação, com 24 e 32 páginas de texto, e tiragem de 6.500 exemplares, e acesso a mais de cinco mil casas da Região e do Estrangeiro e com uma jovialidade invejável que vai completar no próximo dia 05 de Outubro, a bonita idade de cem anos de existência! Caros Amigos e Prezados Oliveirenses, cem anos de vida dum jornal de província é evento que só por si deve ser comemorado e, sobretudo, porque é o Jornal centenário do nosso Concelho, o repositório da vida das gentes e das Instituições Oliveirenses, dos sonhos e de tantas aspirações, de projectos e das promessas concretizadas ou proteladas.
Certamente que as Colectividades beneficiadas pela protecção do Jornal Correio de Azeméis e o Povo generoso e reconhecido não deixarão por mãos estranhas o seu orgulho e brio em comemorar esta data histórica da Imprensa do nosso Concelho e a Câmara Municipal registará nos seus anais esta gloriosa efeméride e atribuirá ao Correio de Azeméis o seu melhor galardão – a Medalha de Ouro do Município.
É um acto de Justiça que fica muito bem a quem o praticar.
* Advogado, Presidente da Delegação da Ordem dos Advogados