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Correio de Azeméis

16 May 2023

A nossa periferia

Albino Pinho

Albino Pinho *

Acusada de ser uma das grandes responsáveis do nosso crónico atraso europeu, a nossa periferia também tem as suas vantagens.
Usamos este chavão, talvez para nos desculparmos de alguma incompetência colectiva. Partindo desse princípio, e para citar só alguns países europeus periféricos, que diríamos das ilhas britânicas, ou dos países nordicos e balticos, todos com melhores PIBs que o nosso.

Se estamos deslocados dos grandes centros de decisões, políticos, sociais, culturais, económicos, ou até dos mais importantes eixos de comunicação  europeus, também o estamos das maiores confusões, e nas duas grandes guerras mundiais,  isso livrou-nos de males maiores, embora o nosso ditador da época, na sua propaganda delirante, tenha apregoado que foi graças a ele, e à ação divina,  que a segunda não chegou até nós.
Aliás no tempo do orgulhosamente sós, fomos acusados de viver sempre de costas voltadas para o resto da Europa. Com o advento da democracia, e a saída, segundo alguns, pouco honrosa de África, lá nos fomos virando para os milhões da UE, mas sempre com um olho no horizonte, à espera de algum D. Sebastião, ou caravela das Índias carregada de especiarias, ou ouro do Brasil, tudo numa manhã de nevoeiro.
Se repararmos bem no mapa deste velho continente, vemos que os contornos da Península Ibérica se assemelha muito a uma cabeça, neste caso à da Europa. A zona lisboeta, com a foz do Tejo, é a boca e o nariz. A serra da Arrábida, na margem sul, o queixo. 
O nosso rectângulo, à beira mar plantado, tem algo de difícil explicação. A nossa parte mais longe do resto da Europa, rica e desenvolvida, ou seja o nosso litoral, é onde está a riqueza e o poder de decisão de Portugal. Em sentido inverso, a que está mais próxima, ou seja o nosso interior, é despovoado, pobre, atrasado, e se nada for corrigido com tendências para piorar. 
No outro extremo da Europa temos o conflito na Ucrânia, e a tentativa do novo Czar russo em reerguer de novo o império da antiga URSS, e talvez mais, se o deixarem, e assim redesenhar uma nova carta geopolítica. Um ex. presidente, deste sinistro regime, disse mesmo à pouco tempo que a ideia mestra seria criar um mercado único que iria de Lisboa à Sibéria. 
Todas as gerações na Europa tiveram o seu Napoleão, que fizeram mossa, à nossa coube-nos este, só que com armas que podem fazer a diferença para pior. Que o diabo seja surdo e mudo !!!
Entretanto continuemos a gozar a nossa abençoada periferia, e o nosso quase sempre bom tempo de inverno, salvo quando o S. Pedro está de mau humor e nos descarrega o tanque de água dias a fio. 
 
* Leitor do Correio de Azeméis
 

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