A Sobrevivência da Democracia

Helena Terra

Helena Terra *

Não seria capaz de me imaginar a falar sobre uma crise que parece estar a abater-se na nossa democracia, mormente na altura em que ela está à beira de atingir a idade da sabedoria, da serenidade, da maturidade, da estabilidade…, sim é que, dentro de pouco mais de um ano, completa 50 anos!

Mas, cada dia que passa, cada noticiário a que assisto na maioria dos nossos canais de televisão, cada dia que dou uma volta pelos Facebooks, pelos Instagrams e pelos Twitteres, percebo o quão a ignorância é atrevida, o quanto a maioria dos nossos jornalistas, redatores e responsáveis de informação desinformam e, conversando com algumas pessoas, me apercebo que a maioria está, cada dia, menos preocupada com os problemas ou males da comunidade, fazendo cada um a sua vida, ou vidinha e a grande maioria lutando pela sua sobrevivência.
Nesta altura a “rua” está agitada, nas mais diversas áreas e aquilo que foi uma das grandes conquistas da democracia está, dia após dia, mais ameaçado – falo do Estado social em geral. A escola pública vive, provavelmente, uma das maiores crises de que há memória, com uma total instabilidade dos docentes e dos alunos e com total imprevisibilidade do que será o dia seguinte. O Serviço Nacional de Saúde, vive tempos difíceis e com tendência para piorar. A grande maioria dos corpos clínicos está à beira da reforma, não temos novos médicos, porque os sucessivos ministérios do Ensino Superior viveram prisioneiros das sucessivas ordens dos médicos que dominaram a quinta para que lhes não mexessem no quintal. Os serviços públicos estão pelas ruas da amargura e sofrendo do mesmo mal. Na maioria dos casos, ou entra gente nova dentro de poucos dias, para poder ser formada pelos quadros experientes, ou dentro de dois ou três anos, alguns terão que encerrar portas porque quem lá está hoje vai, merecidamente, para a reforma.
No que toca os serviços públicos há quem defenda que os mesmos vão deixar de existir nos moldes em que sempre os entendemos. Serão desumanizados e substituídos por uma qualquer plataforma ao alcance, ainda, de muito poucos e que o caminho é a total desmaterialização de processos e procedimentos. Sou, naturalmente, uma adepta da inovação, desde logo porque ao longo dos anos que tenho de profissão, foi a inovação que me foi facilitando a vida. 
Não obstante, não acredito em serviços públicos sem pessoas, e sem pessoas bem formadas, humana e tecnicamente.
A situação em que vivemos é terreno fértil para o crescimento de populismos e demagogia barata, que são as maiores ameaças de um qualquer sistema democrático. Por outro lado, a democracia, como a conhecemos, assenta em partidos e não há notícia de um qualquer sistema melhor. Mas, os partidos da área da social democracia, vivem em crises de liderança e sucessão que são preocupantes e não se vê luz ao fundo do túnel. Continua a haver gente interessada em participar na vida política e, até, em fazer disso carreira. Todavia, aqueles e aquelas que faziam falta na vida política, não têm qualquer interesse em participar nela, porque não estão para ser enxovalhados, nem ver a sua vida, a que interessa e a que não interessa, a ser usada na vozearia publicada.
Eis a encruzilhada em que vivemos, a um ano de comemorar 50 anos do Portugal democrático. 
  * Advogada
 

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