31 Jan 2023
Ana Isabel da Costa e Silva *
Se me permitem, neste primeiro texto de 2023, gostaria de lembrar que o Correio de Azeméis fez 100 anos em 2022. Exatamente um século. Por vezes, imagino como seriam os dias de quem viveu há 100 anos. Dos meus avós maternos, por exemplo, que nasciam em Oliveira de Azeméis nos anos 20. Exatamente há 100 anos. Não havia televisão, muito poucos tinham máquina fotográfica e quase ninguém tinha automóvel. As novidades ‘chegavam através da imprensa, da rádio, da literatura e do cinema, beneficiando dos progressos tecnológicos então verificados’, em que a presença do som era o ponto essencial das novidades, uma vez que o rádio e o gramofone se tornam acessíveis para aquisição das famílias.
Os tempos mudaram. Ainda bem. Mas sinto que ‘os loucos anos vinte’ do século passado, parecem reaparecer, naturalmente, com outros moldes. Cem anos depois, vivemos um mundo disruptivo, impaciente, com pressa. Não há tempo, sequer, para conhecer, pensar e refletir. E o mais fatal, para a nossa sociedade atual, é não haver consensos e, sobretudo, capacidade de reflexão e entendimento do outro. O receio maior para os mais jovens é não encontrarem alguém com altruísmo para lutar, a seu lado, por um ideal coletivo. A nossa cidade não se destaca das demais. Não consegue mostrar em que aspetos poderá ser alternativa às pequenas cidades vizinhas. E, entre elas, não conseguem encontrar pontos de contacto para criarem sinergias e serem, de facto, complementares em alguns aspetos. Mas, considero que a circunstância política de cada cidade poderá melhor, justamente, com a intervenção de cidadãos com capacidade para a colocação séria dos problemas com o objetivo de os solucionar. E como sinto que a nossa, outrora, grande vila tem vindo a perder, sobretudo, a estima daqueles que aqui, ainda, vivem, nada melhor do que ter a oportunidade de escrever aquilo que que possa ser passível de reflexão com capacidade para mudar o futuro da pequena cidade que Oliveira de Azeméis, de facto, é. Assim, se nos anos vinte do século passado, o jornal era o meio utilizado para conhecer e expor o que se passava no país e na terra, atualmente, é o jornal físico, complementar a outras plataformas de divulgação, que se procura para saber e expor ideias sobre o que acontece na região ou na nossa cidade. Impressiona pensar nos acontecimentos que se sucederam em cem anos. Impressiona imaginar tudo aquilo que foi realizado, diariamente, para comunicar e comunicar cada vez melhor.Por conseguinte, no sentido de contributo, ainda que modesto, para a comemoração dos 100 anos de história do Correio de Azeméis, sugeriu-se a mudança de design gráfico da primeira página à Direção do Correio de Azeméis, que foi prontamente aceite. Espera-se que a alteração possa dar lugar a intervenções de qualidade no sentido da construção de um futuro melhor e de maior intervenção para o concelho de Oliveira de Azeméis.
* Arquiteta de Oliveira de Azeméis, Ph.D., Master Architect.
13 de dezembro de 2022
anadacostaesilva@correiodeazemeis.pt