6 Nov 2025
> Helena Terra
Já tomaram posse os novos eleitos nas últimas eleições autárquicas de 12 de outubro.
Já estão instalados todos os órgãos autárquicos dai resultantes e seguem-se quatro anos de exercício de cargos de poder e de oposição. Cargos executivos e cargos deliberativos e de fiscalização.
A responsabilidade maior do que vai acontecer nos próximos anos é daqueles a quem o voto deu o poder de decisão, de realização e de concretização de programas eleitorais, mas não é apenas destes. A oposição tem uma enorme responsabilidade na qualidade do poder que temos. Da oposição espera-se a resistência responsável a decisões que não acautelem o bem comum e o superior interesse dos munícipes e dos fregueses. Da oposição espera-se o confronto de ideias e não apenas a manifestação do sentido de voto. Espera-se o combate a favor do desenvolvimento da nossa terra e contra interesses individuais que, por legítimos que possam ser, constituam um obstáculo à realização do interesse de todos.
Uma oposição exigente fomenta um executivo atento e diligente. Quando a oposição é fraca o poder tende a ser menos diligente porque sabe que não precisa de recear interpelações embaraçosas, confronto público e agenda ambiciosa. Nenhum executivo autárquico quer andar a reboque da agenda marcada pela oposição, mormente um executivo maioritário e, portanto, se o ritmo da oposição for elevado o poder tem de acelerar para “marcar a passada”.
Em Oliveira de Azeméis vive-se uma situação potenciadora de um bom exercício autárquico. O executivo municipal tem um presidente em último mandato que quererá deixar uma grande marca indisfarçável dos seus doze anos de presidência de câmara. Além disso, de entre os membros do executivo, serão naturais as tentativas de descolagem de uma liderança forte do presidente para afirmação de uma alternativa de futuro no final do mandato. Por outro lado, por parte da oposição temos três vereadores novos, relativamente aos dois mandatos anteriores que quererão, imagino eu, afirmar-se, de modo que, daqui a quatro anos se possam posicionar para um novo combate autárquico, com experiência e conhecimento dos vários dossiers. Esta conjugação de fatores poderá fazer antever um mandato exigente para todos os eleitos na câmara municipal e profícuo para os oliveirenses.
Haverá quem pense que ser poder é cómodo e ser oposição é fácil. Pois, nem uma nem outra destas afirmações corresponde à verdade. Ser poder nem sempre é comodo e ser oposição séria dá trabalho, dá chatice, exige capacidade de resiliência, mas dá frutos.
Francisco Sá Carneiro disse que “a oposição é, para o poder em exercício, estímulo; e, para o interesse comum, fator de progresso.”
Os oliveirenses esperam muito de todos os eleitos e não apenas dos que ganharam eleições. É, pois mister de todos não desiludir os eleitores.
Anormalidade
O parlamento foi invadido
Por gente sem nível, nem formação.
Não há oratória, só ruído
É a vergonha da nossa nação.
O debate deu lugar á feira
Hoje reina a boçalidade
Sem argumentos, só dá asneira
Esta parece a normalidade.
Há um grupo de gente grosseira
Homens e mulheres, todos iguais
O Ventura e a Rita parceira
O Pedro Pinto e outros que tais.
Ignorância e xenofobia
Alimenta-lhes a narrativa
Que debitam no seu dia-a-dia
Numa linguagem abusiva.
Falta decoro e decência.
Faltam maneiras e educação.
Deus nos dê muita paciência,
Que venha esta a bem da nação!
Helena Terra, Advogada