18 Sep 2025
> Helena Terra
As eleições autárquicas, porque são eleições de proximidade, são, normalmente, mais mobilizadoras que quaisquer outras.
Há candidaturas que serão avaliadas pelos programas e pela maior ou menor notoriedade e capacidade de mobilização dos candidatos. Outras há que, quer no patamar municipal, quer no patamar das freguesias, serão julgadas pela sua atuação ou omissão no passado mais ou menos recente. As primeiras propõem-se escrever páginas de glória no nosso futuro coletivo. As segundas já perderam a oportunidade do “passa a culpa” e já não podem ter a ilusão de que deles se espere diferente. Aquelas ainda podem prometer quimeras e ilusões. Estas partem com a certeza de que já não serão capazes de surpreender.
Erguem-se vozes alertando de que a uns será a passagem de um cheque em branco. Outras vozes audíveis apregoam que, com as mesmas pessoas, os métodos e procedimentos se repetirão e que, não podendo esperar resultados diferentes, teremos mais do mesmo.
O juízo final residirá na opção por uma nova aposta para ver o que é dá, ou na renovação dos votos, sendo que estes são os únicos que podem ser renovados porque o tecido eleitoral atual é necessariamente diferente do dos atos eleitorais anteriores.
Nas eleições de outubro há uma novidade que assenta na multiplicidade de escolhas. O facto de termos sete candidaturas concorrentes ao nosso município é, por um lado, revelador da vivacidade do regime democrático em que vivemos e, por outro lado, indiciador da falência do bipartidarismo em que vínhamos vivendo.
Temos novos atores políticos, quer em idade, quer em experiência no que diz respeito à intervenção nestas lides. Quanto ao xadrez político-partidário oliveirense, temos muitas novidades vindas das oposições e muito poucas ou nenhumas, vindas do poder. Bem sabemos da velha receita de que “equipa que ganha não se muda”, mas o contraponto a esta máxima é o de que “a quem muda, Deus ajuda”.
Creio que uma não será obra do demónio e na outra Deus não interferirá. Portanto, a escolha é de quem pode; ou seja, é nossa. Não nos demitamos das nossas responsabilidades e não deixemos que os outros escolham por nós. Na sexta-feira passada, veio a público uma sondagem com carácter nacional que nos deve fazer refletir. Não podemos “ir para a ilha” porque é cá que queremos continuar a viver. Esta é a nossa terra, as nossas raízes, a nossa gente.
Não nos deixemos embarcar no facilitismo das mensagens de consumo tipo fast-food porque são vazias, mas de apreensão fácil. Este facilitismo tem levado a confundir o que, em nenhuma circunstância, pode ser confundido. É certo que a estrada da beira, por parecida que possa ser com a beira da estrada. Uma e outra não são a mesma coisa e não podem, por isso, ser confundidas. Tenhamos a certeza de que uma qualquer aleivosia gritada, jamais se pode sobrepor a uma declaração séria, mesmo que sussurrada.
Helena Terra, Advogada