Construir o futuro

Tem-se falado sempre bem do espírito empreendedor oliveirense, das empresas e dos trabalhadores. Nas palavras, todos os políticos são bons a começar pelo governo.
Por ironia, foi uma “bendita” pandemia Covid 19 a assolar a Europa que vai permitir agraciar Portugal com um pacote financeiro de ajuda como não há memória. O objetivo seria mitigar os efeitos que colocaram a economia à beira de um desastre e recuperar. Se não houvesse pandemia, as empresas teriam continuado a trabalhar ao ritmo de antes. Mas muitos setores foram afetados sem piedade. Há que ajudar as empresas, que são quem pagam impostos em resultados dos lucros que têm. Muito bem, a famosa “basuca”, o Plano de Recuperação e Resiliência, 80% das verbas são para investimentos do Estado e restam 20% para apoiar investimentos próprios das empresas. E ainda assim, está aberta uma candidatura destinada a empresas, a qual vai já na 2.ª prorrogação de prazos porque não tem havido adesão das empresas aos incentivos propostos. Ora, nem sequer a fatia mais pequena das verbas que seriam para recuperar a economia desperta interesse às empresas!
Entre nós muito se tem falado sobre a necessidade de reparação e recuperação das zonas industriais. Lançam-se culpas para os executivos anteriores. Foi sempre fácil falar dos outros, sobretudo para falar mal. Roma e Pavia não se fizeram num dia. Os anteriores poderiam ter feito melhor? Podiam. Podiam ter feito diferente? Podiam. Fizeram. Enquanto se fala dos outros, isso serve para desviar a atenção de quanto nada ainda se fez em relação ao planeamento do futuro. Já está previsto local e data para uma nova zona industrial, moderna, alinhada com a indústria 4.0 e a descarbonização da economia? Está a Câmara no seu 2.º mandato e ainda não se viu um esboço. Não se vai a lado algum com a narrativa do quanto pior, melhor.  
 * Presidente da Comissão Política Concelhia do CDS-PP