De novo, mulheres de abril…

Helena Terra

Helena Terra *

Como assumi no início do mês, em abril deste ano, todos os artigos de opinião que aqui publico terão por tema as mulheres de abril. Umas mais conhecidas, outras ilustres anónimas. Todas importantes na revolução da qual este ano se assinalam os cinquenta anos.
Maria Luísa Rosendo Cabral (Luísa Cabral), nasceu em Lisboa em 1946, no seio de uma família burguesa e culta que, na linha paterna era conservadora, mas que, do lado materno era democrata e oposicionista. Foi no seio da família materna que se começou a formar politicamente e se tornou antifascista. 
Com uma passagem forçado por Macau, em criança, uma vez que seu pai, farmacêutico, ficou desempregado por ter assinado as listas do Movimento Democrático (MUD), regressa a Lisboa algum tempo após. Depois da instrução primária, numa escola pública em Lisboa, segue o seu percurso escolar num dos melhores colégios privados da capital, mas pouco depois regressa ao ensino público onde toma consciência de um “mundo” no qual era a única criança calçada e agasalhada.
No seio familiar materno questiona uma realidade nova para si e, após uma sucessão de acontecimentos, como a chegada de Humberto Delgado a Lisboa, a manifestação da Praça José Fontana no outono de 1958, passando pelas manifestações do 1º de maio, que eram sempre manifestações organizadas contra o regime, nas quais começou a participar com 12 e 13 anos de idade, Luísa assume com determinação e firmeza posição contra o regime fascista.
Nos anos 60 assume, já na Faculdade de letras de Lisboa, um papel ativo em todas as manifestações estudantis, sendo ativista do CDE e, mais tarde integrando o MES.
Em 69, em plena crise académica, vai para Coimbra, onde passou várias semanas, sem casa nem dinheiro, como muitos outros, para participar nos acontecimentos que abalaram as 3 academias do país.
A guerra colonial e a consciência do que tal significava, chega após a mobilização de alguns parentes e amigos, neles se incluindo o seu irmão que, no dia 25 de abril de 1974, se encontrava em Moçambique, mobilizado para uma guerra que, como para tantos outros, não era a sua.
Mulher de grande cultura e elevada formação académica travou duras lutas, conheceu a fome em nome de convicções e diz, quem com ela conviveu já após a democracia, ser uma mulher de trato difícil, provavelmente porque a luta prolongada “endurece o feitio”.
Antifascista da Resistência e militante contra o regime, foi dirigente estudantil, ativista da CDE e integrou o MES, desde a sua fundação. Apoiou os GDUP. Foi deputada do BE na Assembleia da República, na XII legislatura. Exerceu funções como Bibliotecária-Arquivista e Subdiretora da Biblioteca Nacional e, disse, sobre o dia 25 de abril, “foi o dia perfeito, inteiro e luminoso que nos empurrou para o futuro”.
 

* Advogada
 

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