18 Apr 2023
Ana Isabel da Costa e Silva
Oliveira de Azeméis, outrora uma grande vila, vibrante, é, agora, uma pequena cidade à procura da sua identidade.
Em 1831, segundo o ‘Annaes do Munícipio de Oliveira de Azeméis’, publicado em 1909, pensava-se em construir um edifício para os paços do concelho, onde na mesma fonte se pode ler: Quem entra pelo sul na villa recebe agradavel impressão ao vêr este edifício, colocado, por assim dizer, no coração da mesma, entre duas linhas, que podem tirar-se, uma seguindo a direcção da estrada real e outra a praça José da Costa.
A mesma fonte refere que o Largo Municipal, fronteiro aos Paços do Concelho, foi, em 1908, transformado e melhorado, a expensas do benemérito conde de S. Thiado de Lobão, e segundo um plano elaborado pelo distincto diretor dos jardins municipaes do Porto, Jeronymo Monteiro da Costa. O pavimento foi regularizado, revestido a mosaico, com pedra branca e preta de Paços de Arcos cingido de guias de cantaria, colocados elegantes bancos, iguaes aos das praças e jardins de Lisboa e Porto, guarnecido de lampeões com o seu gazogenio de acetylenio e de novo arborizado com espécies apropriadas, de folha caduca.
A tríade composta pelos Paços do Concelho, pelo Largo municipal e pela Praça José da Costa marcavam o coração da cidade. Aí se foram constituindo os serviços da vila, com o mercado a rematar a Praça, onde o comércio de rua atraia gente de todos os lados. A Praça José da Costa foi, em tempos, o lugar de muitos acontecimentos, onde, inclusivamente, se juntaram muitos oliveirenses, de todas as idades, para celebrar o dia em que a vila ‘subiu’ de categoria, de vila a cidade.
Mais tarde, pensou-se uma Praça da Cidade, para dar resposta a um crescimento urbano a sul. A iniciativa veio colmatar o vazio existente entre o conjunto dos prédios amarelos e o edifício do Gemini. Nas proximidades da Praça da Cidade, pensa-se, agora, num parque urbano, e, simultaneamente, uma Praça Maior para o centro, junto ao Largo Municipal, nas proximidades da Praça José da Costa.
Com os recursos que temos, enquanto país, numa altura em que se deveria, sobretudo, refletir bem e abertamente sobre os caminhos a seguir entre a possibilidade de expansão ou a ideia de colmatação do tecido urbano da cidade, consideram necessário, para uma pequena cidade como Oliveira de Azeméis, ter grandes obras em duplicado ou triplicado? Não seria suficiente termos uma cidade confortável, com serviços de saúde de excelência, com estacionamento em lugares estratégicos e transportes públicos amigos do ambiente, com comércio vibrante, com um ‘lugar’, e apenas um, onde nos pudéssemos encontrar com orgulho e celebrar a nossa história?
* Arquiteta de Oliveira de Azeméis, Ph.D., Master Architect. 27 de fevereiro de 2023
anadacostaesilva@correiodeazemeis.pt