“Era um arraial com milhares de pessoas”

Freguesias Ul

António Peixoto, atual presidente do Grupo Folclórico ‘As Padeirinhas de Ul’, em entrevista à Azeméis TV/FM, relembrou as suas vivências de juventude relativas às festas em honra de Nª Srª das Candeias e do S. Brás, tendo tido como grande exemplo o seu pai, que ao longo de muitos anos fez parte da comissão de festas.

>Presidente das ‘Padeirinhas’ em entrevista à AZTV

Um dos percursores da tradição do folclore no concelho de Oliveira de Azeméis e em concreto na freguesia de Ul, António Peixoto, atual presidente do Grupo Folclórico ‘As Padeirinhas de Ul’, em entrevista à Azeméis TV/FM, relembrou as suas vivências de juventude relativas às festas em honra de Nª Srª das Candeias e do S. Brás, tendo tido como grande exemplo o seu pai, que ao longo de muitos anos fez parte da comissão de festas.

Milhares de pessoas na rua
António Peixoto começou por recordar como esta festa era vivida com intensidade na freguesia. Havia comboios especiais que traziam pessoas de toda a região e autocarros lotados de devotos. Descreve que as ruas da freguesia eram repletas de pessoas e que os empresários locais fechavam as suas lojas para participar na festa.  
Aos nossos microfones afirma que “o S. Brás sempre foi o dia mais forte, a Sra. da Candeias nem tanto”, nesse sentido, na antiga escola industrial, atualmente a EBS Soares Basto, “era feriado no dia de S. Brás na parte da tarde, os alunos vinham todos para Ul, era um arraial com milhares de pessoas”, recorda.
Além dos comboios promovidos especialmente para estas festas, também dezenas “de camionetas” traziam várias pessoas das zonas “de Murtosa, Vila da Feira, Albergaria, Águeda, vinham muitos autocarros e Ul enchia no segundo dia da festa, que era o dia de São Brás. As ruas estavam cheias de carros, era uma coisa realmente que se vivia muito”, prosseguiu à Azeméis TV/FM.

O pai de António Peixoto mordomo da festa durante muito anos
“O meu pai era uma pessoa que estava sempre metida em tudo. Ele gostava muito da freguesia e dava tudo pela freguesia e claro que estava sempre nessas comissões de festa”, lembrou António Peixoto.
Na época, apenas uma jovem criança, resiste na sua memória os almoços em casa dos seus pais com o ‘regente’ da Banda de Música de Junqueira. “Era sempre a música de Junqueira que vinha cá nos dois dias de festa e o presidente da banda da música e ele [o seu pai] tinham esse prazer [de almoçarem juntos].”
E esta comissão de festas era diferente do que se passa atualmente, pois, “nessa altura, faziam as três festas da freguesia: a Nossa Senhora das Candeias e o São Brás, a Senhora das Febres, em Adães e ainda a Padroeira Santa Maria de Ul, no dia 15 de agosto. (…). Tinham essa grande vontade, e o meu pai estava sempre na frente, era uma pessoa também desenrascada e estava sempre a dar o melhor por ele, pela freguesia”, contou António Peixoto à Azeméis TV/FM.

O pão e a regueifa de Ul 
Ul é sinónimo de pão e regueifas e claro nestes dias estas iguarias ganham um papel de destaque. Os milhares de visitantes da freguesia procuravam incessantemente pelo pão e a regueifa de Ul, tal como confirmou António Peixoto. “Quem viesse ao S. Brás tinha que levar regueifa e pão de Ul. Era imprescindível. Eu acho que não havia ninguém que não viesse ao São Brás que não levasse as duas iguarias. Era um corrupio autêntico de encomendas.”

A perda da tradição
Na opinião do presidente do Grupo Folclórico ‘As Padeirinhas de Ul’, a razão para atualmente as festas não serem vividas com a mesma intensidade é porque “antigamente [as pessoas] viviam um bocadinho mais a fé, faziam mais promessas. Hoje nota-se que está fragmentado de uma forma que até nas missas se percebe que há menos fiéis, porque quem gostava de ir à missa já cá não estão. Isto foi há 30/40 anos e nessa altura as pessoas gostavam de vir e tinham crença, agora maior parte da juventude não tem isso.”

A juventude 
Desde o ano passado que um punhado de jovens bairristas meteram pés ao caminho e têm dinamizado esta festa de uma forma que todos os ulenses reconhecem o seu esforço. “Eu já dei os parabéns a eles no ano passado e ainda bem que eles apareceram. Ser uma comissão jovem e promissora, foi um grande orgulho [para os uleneses] ter esta comissão de festas. Têm sido muito ativos, têm trabalhado muito e são fantásticos”, rematou António Peixoto, concluindo com a esperança “que a excelentíssima comissão de festas continue.”

A votação que terminou empatada e que o padre desempatou 
Desde os primórdios que o dia da Nª Srª das Candeias é celebrado a 02 de fevereiro e o S. Brás a 03 de fevereiro. Uma verdade absoluta e incontestável imposta pela tradição secular desta festa e da igreja. No entanto, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e conforme nos contou António Peixoto esta realidade da celebração da festa foi a votos para se alterar os dias da festa, passar a ser sempre ao fim de semana. Algo que proporcionou uma situação caricata.  
“No tempo do padre Manuel, de Pinheiro da Bemposta, propôs-se fazer a festa ao fim de semana. Reunimos no salão da residência [paroquial], e estaríamos à volta de 34 pessoas. Houve uma discussão no sentido de justificar o porquê de mudar a festa para o fim de semana. Isto porque, durante a semana antigamente era uma coisa, agora a realidade é outra. As pessoas têm trabalhos com mais responsabilidades, e os tempos mudaram e queria-se mudar um bocadinho o conceito da festa e passar para o fim de semana, porque facilitava toda a gente. Fomos à votação e ficou 17-17 e quem teve que desempatar foi o padre. E este decidiu manter a tradição.”

“Haviam comboios especiais apenas para trazer as pessoas até Ul”
“Há 60 anos, tinha seis anos, e recordo-me, como se fosse hoje. Eu morava perto da estação do comboio, e o mesmo passava perto de casa dos meus pais, fazia fronteira com a linha. E recordo-me perfeitamente que a CP organizava comboios de Sernada para Ul e da Vila da Feira para Ul, comboios especiais apenas para trazer as pessoas para a festa. O comboio vinha cheio, até na escadaria [do lado de fora] vinham pessoas. Alguns deles lançavam-se à linha, porque a partir da minha casa começava a reduzir a velocidade porque estava a aproximar-se da passagem de nível e da estação. A CP punha sempre revisores na passagem de nível, e então [quem ia nas escadas no lado de fora] lançavam-se abaixo para não pagar bilhete.”

 

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