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Opinião

> Vitor Januário

O entusiasmo com que setores da sociedade  se ocupam no alinhamento de rankings de escolas a partir de exames de alunos devia levar à reflexão sobre a desqualificação de análise, própria de um tempo em que o pensamento liberal de competição atropela preocupações sociais pelo culto às metas, às oportunidades, independentemente das condições. Enquanto se sobrevaloriza quem chega a um pódio forjado onde nem todos os atletas têm de se preocupar apenas com a hora do treino, deprecia-se disfarçadamente ou assume-se compaixão ( até mais rara) por quem termina a corrida em lugares mais recuados. O ambiente que se gera com a classificação ordenada de “notas” médias  é mesmo este de uma prova onde participam corredores preparadíssimos (apoiados por  equipas de retaguarda) com outros menos apetrechados, em desaceleração, até aos que precisam de pensar na refeição que conseguem garantir e nas sapatilhas que não deixam de se gastar. 
Obviamente que a Educação é mais complexa do que esta pressa superficial de se estimular a seleção pela diferença de resultados, não sendo, no entanto, estranha a iniciativas, de quem tem governado, para a distinção de alunos em função das classificações finais. De forma diferente, o que se pretende no processo de ensino e de consequente aprendizagem  é que todos os indivíduos possam alcançar  sucesso considerando as suas características, necessitando, em muitos casos, de medidas de suporte à aprendizagem para que não haja risco de exclusão. Ora, esta tarefa, exigente e difícil para todos os que participam empenhadamente no ato educativo ( pais, alunos, professores e outros técnicos), nunca é alcançada com qualquer prova, muito menos padronizada, porque não somos todos iguais, embora possamos desempenhar as mesmas tarefas de modos diferentes. 
Claro que os rankings têm beneficiários, além dos que se julgam por sentimentos de vaidade. Nesta abordagem de custo-benefício, própria de ponderações empresariais, o setor privado tira franca vantagem nas escolhas que as famílias fazem de ambientes protegidos, mas nenhuma escola pública beneficia com opções decorrentes de classificações de testes nacionais porque as flutuações anuais são próprias de quem não treina para exames, mas desenvolve competências e adquire conhecimentos próprios de cada ciclo( muitos não avaliáveis em provas finais). Nesta lógica, estaria a dizer-se que más escolas são as que têm alunos com resultados examinados abaixo das que os obtêm melhores. No nosso concelho como em qualquer outro, ninguém se atreveria a dizer isso,  por falso pudor quando a apreciação é só ligeira ou por  obviamente se saber que é inútil, injusto e enganador para a compreensão da Educação. Portanto, acabe-se com os rankings e com os quadros de excelência.
* Representante Partido Comunista Português

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