Fora cá dentro

Helena Terra

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Este fim de semana andei pelo Minho e conclui aquilo que há setenta anos, estudou conclui e escreveu Jaime Cortesão:
“Talvez em parte alguma de Portugal a terra moldasse tanto o homem e o homem moldasse a terra, tão mútua e intimamente, como no Minho”. 
O percurso por algumas vilas minhotas fez as delícias do meu olhar e estimularam outros sentidos. Terras antigas, com muitos séculos de história e uma enorme riqueza patrimonial e arquitetónica. Paisagens luxuriantes e gentes de grande simplicidade e ainda maior simpatia.
Vilas sem complexo de ser vilas, com comércio vibrante e gente a povoar praças, esplanadas e ruas, mesmo as condições meteorológicas não sendo as de uma primavera portuguesa. E registei que não eram pessoas do país vizinho que tanto visitam esta zona, eram mesmo Minhotos. Equipamentos públicos da nossa era enquadrados na paisagem e no edificado com séculos de história. Elementos escultóricos a homenagear a história do seu povo e das suas tradições seculares, de fácil leitura e perceção.
Veigas onde reina um verde inigualável que alimenta a esperança, mesmo dos mais derrotistas. Vinhedos que continuam a garantir as melhores castas de Alvarinho que faz as delícias de nacionais e estrangeiros.
Nas suas zonas ribeirinhas os arranjos das margens são irrepreensíveis e respira-se um ar que enche os pulmões e limpa a alma. O Lima e o Vez, o primeiro que nasceu sem pressa entre espessas penhas e, sem pressa, vai descendo um vale ameno, bordado de salgueiros e veigas viridentes (…) o segundo, seu afluente é azul e liso e o povo usa as suas águas para a rega, a pesca e a sede. Rios azuis, lindos e ricos em trutas. Juntos, continuam a correr sem pressa até ao seu desenlace na foz.
Regresso a casa, a uma cidade sede do terceiro maior concelho do distrito de Aveiro. Concelho que cria riqueza como poucos, que tem mercado de trabalho e que, por isso, é atrativo para não oliveirenses.
Sou de uma terra, orgulhosamente, empreendedora de gente laboriosa e que leva a nossa “marca” a muitos cantos do mundo. Uma terra que “forneceu” gente que fez história no país e fora dele, gente que teve responsabilidades na condução dos destinos deste nobre povo e desta nação valente. Uma terra que, ainda hoje, tem entre os seus filhos, massa cinzenta do melhor que existe nas mais diversas áreas de atuação e ainda tem para exportar…
Regresso ao espaço público, ao nosso espaço público, e fico triste, quase invejosa, daqueles que são, incomensuravelmente, mais pequenos que nós. Aqueles que com muito pouco fizeram tanto e que, inevitavelmente, obrigam a que interrogue:
Porque é que, em tantos anos, tantos com muito mais fizeram tão pouco?


Helena Terra, Advogada

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