12 Sep 2023
Ricardo Campelo de Magalhães*
Se olharmos para a rede de transportes públicos e rodovias oliveirenses, estes estão claramente virados num sentido: para fora. Comboios para sair do concelho, vias rápidas para nos levarem a capitais de distrito, boas estradas para nos levar de Cesar à Feira, de Cucujães para São João da Madeira, de Ossela para Vale de Cambra, de Travanca para Albergaria-a-Velha, de Loureiro para Estarreja e de São Martinho para Ovar.
Resultado? Um centro isolado e as freguesias de costas voltadas para a sede do concelho, e face virada para os concelhos envolventes. Não raramente falo com pessoas das freguesias e quando questionadas, a primeira resposta delas, quando é preciso ir às compras ou comer fora, é seguir as regras do parágrafo anterior. Resultado último: um centro sem movimento e sem a pujança económica que poderia e merece ter.
Falta o foco nos transportes públicos e em boas vias de comunicação, para convidar os oliveirenses das freguesias a vir ao centro do concelho – e claro, um centro da cidade com mais estacionamento e mais facilidade de circulação. Sobram milhões para um comboio que nos leva para fora (que nunca será de topo), uma central de camionagem velha a ser substituída por uma nova, mas encravada num mercado apertado por ruas estreitas, e por estradas em muito mau estado a cercar o centro da cidade.
Aliado à questão anterior, há o desinvestimento em pontos de interesse da cidade, o que explica que os oliveirenses optem pelos concelhos vizinhos. A título de exemplo, vejamos o pequeno concelho de São João da Madeira, que apesar da sua reduzida população residente, consegue ter um enorme poder atrativo na sua envolvente comercial e de serviços. Como se justifica que o 8ª Avenida, o Trofa Saúde, o IEFP, o Centro Tecnológico do Calçado, o Oliva Creative Factory ou algo equivalente, o Museu da Chapelaria ou um Museu do Vidro qualquer, a Sanjotec, a Olmar ou até o Maxmat estejam em São João da Madeira e não em Oliveira de Azeméis?
No estudo da física, aprendemos que as forças contrárias às forças centrífugas são as centrípetas. Enquanto as centrífugas afastam os objetos giratórios do centro (como numa máquina de lavar), as centrípetas atraem os objetos giratórios para o centro (como a gravidade do Sol). Precisamos, urgentemente, de forças centrípetas em Oliveira de Azeméis.
* Candidato às autárquicas pela Iniciativa Liberal (IL) - Oliveira de Azeméis