8 Nov 2025
A peça retrata as vivências da meninice e juventude das pessoas da 3ª idade
‘4 Estações - Peça I Inverno e Primavera’
No fim de semana de 8 e 9 de novembro, no TeMA – Teatro Municipal de Oliveira de Azeméis, decorreu a iniciativa ‘4 Estações’ com apresentação de duas peças de teatro, ‘Peça I Inverno e Primava’ e ‘Peça II Verão e Outono’, encenadas por João Amorim, Daniela Amaral Cardoso e Pedro Saraiva, da companhia de teatro Bandevelugo. A câmara municipal de Oliveira de Azeméis foi o promotor desta iniciativa que procura combater a solidão na 3ª idade.
João Amorim e Daniela Amaral Cardoso, diretores artísticos da companhia Bandevelugo, candidataram-se a um concurso público, promovido pela câmara municipal, realizado no âmbito do PRR. “Faz a diferença nós estarmos neste concelho a querer criar um projeto cultural, porque é necessário e faz falta às pessoas. E acho que, por isso, para nós fez todo o sentido, sendo aqui sediados em Oliveira de Azeméis, de trabalhar com as pessoas que ainda não têm acesso a muita coisa, que têm tempos que não são ocupados e que poderiam ser, e por isso foi um privilégio poder trabalhar com eles”, afirma Daniela acerca de como vê esta iniciativa.
Após nove meses de trabalho, onde pesquisaram e falaram com as pessoas que participaram nas peças, os três encenadores montaram um espetáculo baseado nas vivencias dos idosos. João comenta “Se nós fizermos o exercício de colocar no mesmo palco a nossa geração e esta geração, há um vocabulário até gestual que nos distingue por completo. Um vocabulário gestual que tem a ver com coisas quotidianas e o que nós fizemos foi pegar nesses movimentos e multiplicá-los por 20, 30, 40, 50 pessoas que estão em palco e colocar-lhes um filtro em alguns contextos mais contemporâneos”. Ambos afirmaram que os participantes, ao início, acharam que as suas histórias não eram dignas de estar em palco. De igual modo, comentaram a ligação que essas pessoas tinham com a natureza, dando como exemplo “saberem que quando o dia nasce desta forma, eu sei o que é que posso e o que é que não posso plantar; eu sei que vou ter dores de alguma coisa, eu sei que, enfim, são dezenas de coisas deste género e para nós só o confronto dessa informação, só nós nos confrontarmos com essa informação, isso já está num local que já é mais poético do que real.”
Os dois encenadores afirmaram que foi um desafio grande reunirem mais de 150 pessoas, e acrescentaram “a vida delas continua, o cotidiano delas existe, e isto não é uma prioridade para elas, então é uma coisa que tem que conviver com a vida delas. Por isso torna-se sempre desafiante estar todas as semanas presente e fazermos um projeto a longo prazo, mas eles tiveram o sentido de compromisso e estiveram presentes até agora e vamos poder apresentar este resultado.”
Tendo sala esgotada no segundo espetáculo, não fica de fora a hipótese de criarem mais datas para apresentarem as peças realizadas, “não depende de nós, mas estou certo que eles ficariam muito gratos se isso acontecesse” concluem.