11 Sep 2025
> Helena Terra
De quatro em quatro anos, a vivencia social das nossas aldeias, vilas e cidades altera-se e a encenação repete-se, com novos ou já conhecidos atores. É o corridinho às festas, festinhas e romarias. Feiras e mercados que sempre existiram, mas só nestas alturas são visitados pelas ilustres figuras.
Daqui até outubro, não pode haver perna manca. Os mais sisudos tornam-se simpáticos. Os altivos tornam-se populares. Os tímidos, falam pelos cotovelos. Os importantes descem das tamanquinhas e tentam confundir-se com o povo. Este, por sua vez, mesmo criticando e repetindo, “só aparecem nestas alturas”, já estranham se tais visitas e aparições não acontecerem.
Por cá as visitas, este ano vão ser muitas. Com o aproximar do ato eleitoral, os mercados vão ser pequenos para tanta gente e não sei se não será necessário um sistema que regule o tráfego de candidatos. No passado fim de semana, já começou este “fadário”.
Falta o debate público ao qual os candidatos não se devem escusar. É preciso conhecer aquilo que cada um propõe para os próximos quatro anos. O confronto de ideias é vital para o exercício democrático e para a mobilização dos eleitores. Se é certo que alguns dos candidatos são já conhecidos e outros sobejamente conhecidos destas lides, outros há que são estreantes e é importante ouvir o que têm para anunciar, o que projetam para o nosso futuro coletivo e em que é que se diferenciam dos oponentes.
Noutro tipo de eleições, os partidos políticos têm peso institucional próprio, mas nas eleições autárquicas, os protagonistas superam o peso relativo dos partidos pelos quais se candidatam ou cujas listas aceitaram integrar. Nestas eleições valoriza-se o personalismo, na medida em que o mais importante são as pessoas, porque estamos a falar de gente da nossa comunidade de “vizinhos”, gente que, mais ou menos, conhecemos. Não confundamos personalismo com individualismo porque este traduz a ação ou vício de atribuir tudo a si próprio e isto, roçando o egoísmo, revela a incapacidade de trabalho em equipa e a limitação própria dos “homens sós”. Ora, como sabemos, não há grandes obras de mulheres ou homens solitários e, usando a sabedoria popular, jamais podemos esperar que uma andorinha, por mais obreira que possa ser, consiga fazer a primavera.
Nas próximas eleições, o que está em causa é saber se queremos que a mesma equipa que governa o nosso município há já oito anos continue a fazê-lo ou, se queremos a mudança. Se apostamos na continuidade do que temos ou se preferimos uma alternativa diferente. E, falando em município, temos mesmo uma questão de personalismo para decidir. Queremos continuar a ter as mesmas pessoas, ou queremos escolher pessoas diferente para liderar o nosso destino coletivo?
As pessoas que integram as listas candidatas são mais ou menos conhecidas. Umas já com experiência de exercício de cargos políticos e outras estreantes. Por todos os motivos e mais este, os debates públicos podem fazer a diferença e elucidar a escolha dos, ainda, indecisos. Aguardemos!
Helena Terra, Advogada