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Correio de Azeméis

17 Apr 2025

Na mesa da Páscoa, também falta salário

Opinião

> Vitor Januário (CDU)

Em épocas tradicionalmente festivas como a Páscoa, a realidade difícil de quem tem salários baixos provoca sentimentos de impotência maiores nas famílias porque, além das despesas que mais pesam nos orçamentos mensais (com a renda a sufocar 870€ brutos de salário ou pouco mais, a que se juntam 37€ da botija de gás, 80€ de eletricidade e 35 de água), surgem as que legitimamente se deveriam poder realizar sem obrigar a questionar a condição social de se sentir mais pobre quem não consegue comprar, por exemplo, o cabrito ou o borrego (com subidas até 40% relativamente ao ano transato) em dia de almoço de Páscoa, de acordo com o ritual entre parentes. Fundamentadamente se pode dizer que cumprir alguns hábitos de convivência saudável é esforço que se arrisca a ficar perdido no tempo na medida em que o aumento do custo de vida se verifica mensalmente, agravando-se com a especulação de épocas evocativas. De facto, regar com azeite mais caro 16% a posta de bacalhau que subiu 11% num mês é prazer que não fica ao alcance de todos, mesmo depois do café que se compra moído (mais 12%) para poupar os 90 cêntimos que se pagaria ao balcão, visto que as pequenas distrações saem caras a quem leva para casa perto de 770€. É caso para perguntar aos responsáveis pelas políticas liberais de exploração do trabalho e aos que delas têm beneficiado, de que é exemplo recente a redução do IRC (a excluir empresas de pequena dimensão que geram boa parte do emprego em Portugal, mas que não têm volume de negócios para serem abrangidas) até onde arriscam tirar ao custo da força do trabalho (que pesa cerca de 15% do valor total dos fatores a considerar na produção de riqueza) para também o entregarem a cada um dos que, com lucros de dezenas de milhões por dia, vivem sem preocupações com o preço da couve, da cenoura ou da cebola que abundaria mais na mesa de milhares de famílias onde não faltam estas preocupações por causa dos vencimentos que as empobrecem. 
Importa assumir a necessidade de se enfrentar a hipocrisia das políticas de direita que não dão prioridade ao aumento imediato de salários e que acrescentam estratégias para iludir como foi a devolução antecipada de IRS que obrigou muitos contribuintes a terem de devolver o que esperavam receber neste momento fiscal. Cabe a cada cidadão reclamar para si o direito que é de todos – ter uma vida digna com distribuição justa de riqueza porque esta é criada e aumentada por quem recebe uma ínfima parte do que se produziu.
A CDU, que deseja uma boa Páscoa, não abdicará do aumento imediato do salário, apesar da oposição já manifestada em votação no parlamento de todos os partidos à direita.

Vítor Januário, CDU

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