O homem democrático e a democracia

Destaques Carlos Costa Gomes

Carlos Costa Gomes *

O mundo cavalga a um ritmo estonteante e muda a uma velocidade inusitada. As mudanças tecnológicas ao serviço do homem parecem estar, também, a cultivar, silenciosamente, uma mudança antropológica – o homem. Creio que a democracia como “voz” do povo está a falar para um homem e uma mulher que já não existem. As vicissitudes dos tempos atuais estão a mudar o tecido humano. 
As mudanças sociais, à partida, são saudáveis. Não devemos ter, necessariamente, medo da mudança. Mas o que podemos observar nos tempos atuais é a de que o homem democrático adotou um estilo de vida em que tudo é democratizado em direitos e ao mesmo ritmo que tal democratização acontece, acaba por minar a própria democracia como forma de organização civil. Os partidos (con)fundem-se nos movimentos sociais, liberais ou mais extremistas; e mesmo com grupos de minorias. No final do século XX a ideia de que a democracia dos direitos seria a via vencedora no âmbito político, marcada por uma cultura fundamentada em opostos inconciliáveis (maniqueísmo), acabou por danificar a própria democracia, porque também esta ideia se estendeu aos partidos e dentro dos partidos políticos.
A democracia, assim, parece mais um poder de quem governa do que o poder do povo que decide a governação. Vejamos exemplos do mundo ocidental em que, em não raras nações, como em Portugal, a democracia acaba por ser uma capa pela qual se esconde um poder em que permite fazer tudo. O homem democrático consome e destrói o ideal democrático ao servir-se da democracia e não em cumprir a sua missão que é a de estar ao serviço do bem comum. 
A política é a arte de fazer com que todos tenham o mesmo ponto de partida – condições básicas necessárias – saúde, educação, justiça; a democracia é a arte de fazer com que todos possam ter o mesmo ponto de chegada. Surpreende-nos, pois, que pouco se tenha aprendido com os cinquenta anos de democracia em Portugal. Os casos políticos que têm marcado, há vários anos, a agenda nacional deveriam interpelar-nos seriamente e ao mesmo tempo perguntar: o que fez ou está a fazer o homem democrático da democracia? 

  *Prof. Doutor, Presidente da Assembleia de Freguesia de Cesar

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