9 Oct 2024
Homenagem póstuma a ‘António Caixeiro’ - livro ‘grande poeta é o povo’ de poesias no jornal
Em dia festivo foi homenageado, postumamente, ‘António Caixeiro’, o grande poeta do povo, e que durante mais de 20 anos publicou a sua poesia no Correio de Azeméis, agora compilada num livro editado pelo nosso jornal.
Com a apresentação do livro ‘Grande Poeta é o Povo’, uma obra com uma coletânea de poemas de ‘António Caixeiro’ e da sua filha Helena Terra, foram vários os discursos emocionados sobre esta figura que era muito acarinhada pelo povo de Loureiro.
“Nós lembramo-nos de também assinalar este aniversário com um ato que é tão grande como o Correio de Azeméis. Houve um homem que eu conheci durante muitas décadas e estar com ele era uma alegria. Chamava-se António Ferreira de Oliveira, conhecíamos como ‘António Caixeiro’. Esse amigo que nos deixou, nos seus últimos 20 anos, e principalmente o Albino Martins, o Prof. Magalhães e eu convencemo-lo a publicar as quadras populares que tinha. Desafiamo-lo a fazer a rúbrica ‘Grande Poeta é o Povo’, o mais curioso dessa crónica é que depois convidamos outros cantadores e eles semana a semana fizeram o cantar ao desafio no jornal. Esta homenagem é para ele, decidimos publicar um livro com suas quadras e poesias.”
Eduardo Costa, diretor do Correio de Azeméis
“Falar do meu pai. Tarefa fácil e difícil. Falar do meu pai com o coração é muito fácil, é o primeiro amor incondicional, motivo de orgulho e admiração, farol, inspiração, emoção, cultura vasta, com especial amor pela cultura popular. Um homem meigo, cavalheiro, doce, de lágrima fácil, um daqueles homens que apesar da geração que fez parte não tinha vergonha de chorar. (…). Falar do meu pai com razão pensei que fosse difícil, mas não parece tanto assim. Um homem determinado e dos mais corajosos que conheci. Fiel aos seus valores, leal aos amigos, tenaz em todas a tarefas em que se envolvia. Profissionalmente foi a maior parte da sua vida vendedor de automóveis. (….). Culturalmente era um amante do nosso folclore, criou pelo menos um rancho folclórico que existe até hoje. Foi ensaiador de vários ranchos folclóricos. (…). Quanto à parte artística o meu pai tinha uma artéria e eu, se tiver, é uma veia pequenina. O meu pai durante vários anos alimentou uma rubrica no Correio de Azeméis, era um grande poeta e era do povo, porque foi sempre isso que ele quis ser.”
Helena Terra, filha de ‘António Caixeiro’
“O meu avô era amigo do seu amigo, vendedor como ninguém. Orgulhoso dos seus, quem o conheceu sabe-o bem. Amava praticar o bem. Nasceu para escrever, a poesia tratava por tu, tutiava tudo o que fazia. Meu avô não havia como tu. Orgulho-me de ser teu neto, nasci com muito do teu afeto, omnipresente como sempre, como é bom ter-te por perto. Poeta de mão cheia, escrevia na língua de Camões, tinha talento na veia. Ó meu avô encantaste tantas multidões.”
Rui Dinis, neto de ‘António Caixeiro’
“Foi um homem multifacetado, para além de profissionalmente ser um competente vendedor de automóveis, ficou também famoso divulgador de folclore e poeta popular, para mim foi ainda um amigo. Quando em 1972 passei a residir em Loureiro, Terra Natal da minha mãe, uma das primeiras pessoas que conheci foi um senhor da família dela que lá em casa tratávamos por ‘Primo António Caixeiro’. Sorridente, simpático e bem-disposto rapidamente me cativou. (…) Toda a gente admirava a arte de versejar, improviso do cantador ‘António Caixeiro’, as desgarradas em que participava divertiam sempre a multidão atenta.”
José António Albuquerque, amigo de longa data de ‘António Caixeiro’ e fez a apresentação do homenageado
“Uma palavra de sentida homenagem ao ‘António Caixeiro’. Não o conheci pessoalmente, dele ouvi falar ao saudoso padre Bastos, numa festa de homenagem feita aos cantadores, e nessa festa que fizemos em S. Roque o padre Bastos lembrou o ‘António Caixeiro’ com emoção e comoção que a mim me deixou triste por não o conhecer.”
Amaro Simões, presidente da Assembleia Municipal
“Era um amigo e não só isso. Foi companheiro de trabalho em muitas lides, em tempos em que eu era bastante ativo na freguesia de Loureiro. Tudo o que fosse animação cultural ia parar ao ‘António Caixeiro’. Ele cantava, dançava, encenava, era coreógrafo e além disso, tinha aquele dom raríssimo, de que a sua filha é herdeira, de ser um poeta repentista. A poesia saia-lhe com uma influência enorme.”
Sousa Dias, amigo de (Loureiro) de ‘António Caixeiro’ (96 anos)
“Antes de mais devo manifestar o quanto me sinto honrado por corresponder ao convite para escrever um apontamento a que chamaremos prefácio, para esta coletânea de poemas e quadras populares, de duas figuras, pai e filha, bem conhecidas da nossa praça. (…) António Ferreira Oliveira, o popularizado António Caixeiro, desde muito novo revelou qualidade de bom comunicador, pessoa extrovertida, com o dom da palavra, criativo e com veia para a rima.”
Albino Martins, antigo chefe de redação do Correio de Azeméis e autor do prefácio do livro
“‘António Caixeiro’ deixou um legado cultural importantíssimo na música, no teatro, nas letras, eu diria que era um fazedor e um sonhador entre o povo. Eu como loureirense senti este momento ainda mais perto e com mais força, por isso ao obrigado ao Correio de Azeméis por terem associado esta homenagem ao encerramento destas comemorações.”
Rui Luzes Cabral, vice-presidente da Câmara Municipal