O Sistema Eleitoral

Helena Terra

Helena Terra *

O fim de semana passado foi de eleições e de grande surpresa, falo por mim e, aliás o artigo que escrevi na semana anterior é revelador disso mesmo. Acreditando na vitória do PS nunca imaginei uma vitória com maioria absoluta. Curiosamente sou adepta de maiorias por entender que estas conferem maior responsabilidade aos políticos que as obtêm e mais facilmente permitem a alternância no poder que é, como sabemos, um dos princípios salutares de qualquer democracia.

Há muito que é por demais evidente a necessidade de alteração do nosso sistema eleitoral, mas para os que disto duvidam, os últimos resultados eleitorais deixaram a nu tal necessidade.
Atualmente a Assembleia da República é composta por 230 deputados. A nossa Lei Fundamental estabelece que a constituição da assembleia da república pode variar entre um mínimo de 180 deputados e um máximo de 230. Os deputados são eleitos por listas apresentadas por partidos, ou coligações de partidos em cada circulo eleitoral – 18 correspondentes ao mesmo número de distritos em Portugal continental, acrescidos de mais 4. Destes, 2 correspondem ao circulo eleitoral da Madeira e dos Açores e os restantes, um é o circulo eleitoral da Europa e o outro o de fora da Europa. Nestes círculos a conversão dos votos em mandatos faz-se de acordo com o sistema de representação proporcional e o método da média mais alta de Hondt. Este sistema padece de vários pecados originais; o primeiro deles é o de que, normalmente, favorece os maiores partidos; o segundo é o de que desrespeita os votos de muitos milhares de eleitores; o terceiro, consequência do anterior, é deixar sem representação a escolha de largos milhares de votantes, desperdiçando votos; e o quarto é o de gerar situações de injustiça entre vários partidos e que, por certo, muitos eleitores não perceberão. Há factos que, com dados concretos e objetivos são mais facilmente percetíveis. Por exemplo o CDS/PP, no total de votos nacionais, teve mais 4 328 votos que o PAN, mas em relação ao Livre teve mais 17 603. Como é sabido, o PAN e o LIVRE elegeram um deputado cada um, mas o CDS/PP, um dos partidos fundadores da democracia, não teve nenhum. Bem assim, a titulo de curiosidade, a diferença aqui referida de votos entre o CDS/PP e o LIVRE, é maior que o número de votos necessários para eleger um dos dois deputados do PS no distrito da Guarda que foi o partido que, lá tal como no país, ganhou as eleições.
Claro está que estas realidades, das quais apenas dei exemplos, ajudarão muito pouco a combater os números da abstenção e a convencer mais pessoas a ir votar, porque algumas, muitas das que foram, concluíram que o seu voto não contou para mais nada que não para a estatística do número de votantes.
A revisão, quase total do sistema eleitoral é necessária, mas podíamos e devíamos tal como defende Jorge Buesco, ilustre membro da sociedade Portuguesa de Matemática, e bem assim o conhecido politólogo José Adelino Maltez, seria proveitoso criar um novo circulo eleitoral nacional, chamado circulo de compensação que elegeria deputados de forma nacional por forma a corrigir a distorção provocada pelo método de Hondt.


 * advogada
 

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