29 Nov 2022
Óscar Oliveira *
Caso se prolongue a atual “crise energética”, a União Europeia corre sério risco de ser confrontada com desindustrialização,
É já a própria Associação Europeia de Empresas produtoras de metais não ferrosos – a Euromataux – a afirmar que metade da capacidade de produção de alumínio e zinco nos países da UE foi forçada a desligar, provocando cortes enormes na produção de silício e ligas ferrosas, com impactos adicionais nos setores do cobre e do níquel. É neste contexto que surgem as afirmações de Nicolas de Warren, presidente da Federação das Indústrias de Energia Intensiva em França, dizendo que a escalada nos custos da energia impede a produção a “preços mais competitivos”.
A verdade é que, neste quadro, o que vamos assistindo é ao aumento da transferência de investimentos da UE para os EUA, que têm obtido os benefícios da atual situação. Como exemplo destes investimentos, em junho, a Volkswagen lançou as bases para um novo laboratório no Tennessee, estipulando parcerias de milhares de milhões de dólares com formadores norte-americanos. A Mercedes-Benz e a BMW, aproveitando, não tardaram em efetivar investimentos semelhantes.
Também nesta linha, a farmacêutica Bayer investiu 100 milhões de dólares num centro de tecnologia biológica em Boston, Massachusetts. De modo semelhante, o grupo químico Evorik indústrias AG investiu no Centro de Inovação na Pensilvânia e destinou mais de 200 milhões de dólares para uma unidade de produção em Indiana. A BASF, do setor químico, já anunciou investimentos de 3,9 milhões até 2026. Só no estado norte-americano de Oklahoma, mais de 60 empresas alemãs (entre as quais a Lufthansa, a Siemens e Aldi) efetuaram investimentos no valor de 300 milhões de dólares.
Esta é a verdade expressa na subserviência da União Europeia perante os Estados Unidos, que, à custa de sanções, vai levando lucros exorbitantes e os Governos da UE se vão deslumbrando com estas medidas do grande capital.
* Membro da Comissão Concelhia do PCP