Setor dos moldes reforça inovação para manter liderança portuguesa

A competitividade da indústria de moldes portuguesa tem sido um dos temas mais discutidos no setor, e Manuel Oliveira não esconde a complexidade do momento. “Os desafios da competitividade hoje são bastante complexos e integrados”, afirma o secretário-geral da CEFAMOL – Associação Nacional da Indústria de Moldes. O peso da indústria automóvel e da Europa na carteira de clientes torna mais difícil o crescimento, já que se tratam de mercados com ritmos mais lentos. “Temos uma presença muito forte nestas áreas, mas são regiões com menores taxas de crescimento”, sublinha.
A necessidade de diversificação surge, portanto, como ponto essencial. Segundo o responsável, o setor tem procurado “encontrar soluções tecnológicas e de negócio que permitam acompanhar os movimentos que agora estão a ser feitos pelos nossos clientes”. Além das pressões comerciais (preços mais baixos e prazos de pagamento extensos), a capacidade de inovar torna-se decisiva.
No campo tecnológico, Oliveira destaca a evolução positiva da indústria. “A parte digital sempre foi um ponto forte da nossa indústria”, afirma, reconhecendo, contudo, que a transformação digital exige trabalho contínuo. “Não é possível fazer um investimento e parar. A tecnologia está em constante mudança e obriga a uma vigilância tecnológica muito grande.”
Já para as PME, os investimentos em robótica e automação representam desafios adicionais. Ainda assim, o secretário-geral frisa que o setor tem conseguido avançar: “As pequenas e médias empresas têm feito esse caminho e têm investido. Os programas nacionais e comunitários têm sido muito importantes para apoiar a inovação”. A necessidade de ganhar escala surge também como tendência clara, já qu“as empresas precisam de ganhar dimensão para competir no mercado internacional”.
Outro ponto crítico é o dos recursos humanos. A escassez de profissionais qualificados preocupa o setor, que enfrenta problemas semelhantes aos de outras indústrias. “A atração de talento é um desafio grande, não só para os moldes, mas para a indústria no geral”, afirma. A aposta na formação interna já é uma realidade: “As empresas têm reforçado o investimento na capacitação das pessoas que já têm dentro das organizações.”
Oliveira alerta ainda para a relação direta entre tecnologia e competências: “Não podemos investir em digitalização ou robótica sem termos pessoas com as competências necessárias. Caso contrário, arriscamo-nos a não rentabilizar esses investimentos.”
Apesar de todos os obstáculos, o secretário-geral garante que Portugal mantém o seu prestígio internacional. “Sem dúvida que Portugal continua a ser uma referência global na indústria de moldes”, afirma. “É um posicionamento conquistado ao longo de décadas e continua hoje a distinguir-nos.”
A Semana de Moldes, cuja 14.ª edição decorre este ano, volta a focar muitos destes temas. O evento, organizado pela CEFAMOL, pelo CENTIMFE e pela POOL-NET, reúne especialistas nacionais e internacionais. “É uma oportunidade grande para as empresas conhecerem os desafios que têm pela frente e perceberem como se podem posicionar para os ultrapassar”, conclui.