9 Feb 2023
Helena Terra *
Todos estão, certamente, familiarizados com o nome que identifica o número de pessoas, professores e outros profissionais da área da educação, que têm vindo a fazer greves desde 9 Dezembro e que as têm covocadas, pelo menos, até 24 de Fevereiro.
O grande líder destas movimentações e manifestações, chama-se André Pestana, é natural de Coimbra, filho de professores e, também ele é professor contratado há 21 anos e licenciado em Biologia. Tirando o rabinho de cavalo, não consigo deixar de encontrar semelhanças físicas, e não só, entre ele e Pablo Iglesias, o primeiro e mais conhecido líder do PODEMOS espanhol.
André Pestana, para quem não sabe, integra o MAS (Movimento de Alternativa Socialista) o partido liderado pela Sanjoanense Renata Cambra, também ela professora de Português.
O MAS é uma organização política trotskista portuguesa e é o resultado da fusão entre a Frente da Esquerda Revolucionária (FER), e os jovens ativistas do movimento estudantil (Rutura). Existe legalizado como partido político desde 2013 e a sua ideologia explica a luta que André Pestana tem vindo a fazer, greves de tipo diferente às habituais do movimento sindical tradicional, organizadas por comissões de escola, e de assembleia na sua base, na linha clássica da democracia participativa ou direta.
Faço as minhas declarações pessoais. Tenho o maior respeito pelos professores em geral e por alguns em particular e eles sabem quem são. São uma classe profissional determinante e responsável por aquilo que queremos ser enquanto nação. Têm uma carreira profissional de pouco reconhecimento, atenta, entre o mais, a função de serviço público que desempenham e isso faz com que esta seja uma profissão pouco aliciante, sendo certo que nada de mais motivante pode existir do que ensinar.
Os professores não são os únicos servidores públicos que têm sido esquecidos e a quem tem sido dado pouco valor (incluindo de massa salarial). Os médicos do SNS e as demais profissões da área da saúde pública, os funcionários judiciais, as forças de segurança em geral e, André Pestana e o MAS já perceberam isso e,agora, já não pescam apenas no mar dos professores.
Lembram-se como nasceu o PODEMOS?
- Um movimento legalizado em 2014 que poucos meses depois disputou eleições europeias e passou a ser a quarta força política mais votada nas eleições europeias. Começaram a publicar-se notícias relacionadas com o seu crescimento a nível internacional. Quer no STOP como no MAS e no PODEMOS, a sua força de mobilização nasceu nas redes sociais. Também por cá, estes têm visto crescer exponencialmente os seus apoios nas redes sociais.
MAS, até etimologicamente, é designativo de oposição, honrando assim a sua herança trotskista. Stop, mais parece um ponto de partida que um ponto de paragem, não acham?
* Advogada