26 Jan 2022
Helena Terra *
Este fim de semana já votaram aqueles que se inscreveram para o voto antecipado. Fizeram-no aqueles que, por razões pandémicas quiseram evitar a concentração de votação num só dia e aqueles que, no dia 30, não podiam ou previam não poder fazê-lo. Os que votaram antecipadamente, não tiveram o chamado dia de reflexão anterior ao dia marcado para as eleições e votaram com a campanha em curso e, diria mesmo, ao rubro.
António Costa numa arruada em Leiria com uma enorme moldura humana, num terreno que lhe deixou de ser hostil. Rui Rio numa arruada com uma enchente em Guimarães. Catarina Martins, no maior comício desde o início da campanha, no pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, deixa convite a António Costa para uma reunião no dia 31 de janeiro para preparar um acordo para 4 anos. A Iniciativa Liberal revela uma tendência ascendente e o CHEGA uma tendência decrescente…
A comunicação social já fala em empate técnico e, talvez por via disso, Rui Rio já fala em governo e António Costa já diz que a escolha não está em ter ou não uma maioria absoluta, mas em escolher o modelo de governação do PS ou o do PSD.
Faltam 5 dias para o fim da campanha eleitoral e as máquinas partidárias darão tudo por tudo nos próximos dias e nem sequer falta o bom tempo para ajudar. As caravanas vão inundar a rua e, no próximo domingo estará tudo em aberto. E eu acho que está mesmo tudo com exceção de uma maioria absoluta de um só partido. O que se antevê como mais provável será uma qualquer geringonça, seja ela de direita, seja ela de esquerda.
O Presidente da República aguarda os resultados de domingo próximo com espectativa e verificando-se o cenário que aqui antevejo, Marcelo Rebelo de Sousa não dará posse a nenhum governo que não se apresente com um acordo escrito de governação para durar 4 anos.
Caso tenhamos uma geringonça de esquerda António Costa vai ter dificuldades porque, durante toda a campanha, elegeu o PCP e BE como os responsáveis pela queda do governo e a realização destas eleições e foi anunciando que o cenário de reedição da geringonça não era possível. Além disso, nos debates fez questão de anunciar que tinha pronto o orçamento de estado para 2022. Ora, não se vê que hoje aprove esse orçamento quem há escassos dias o rejeitou.
Se, contrariamente, tivermos uma geringonça de direita, Rui Rio terá que fazer cedências à sua direita, especialmente a Cotrim de Figueiredo, uma vez que Francisco Rodrigues dos Santos, jogando a sua sobrevivência, tem pouca margem para pedir e para negociar.
Sou das que aguarda o próximo dia 30 com uma grande expectativa e tenho a noção de que tudo pode acontecer. Resta-nos, a nós eleitores, fazer a nossa parte – votar e votar em massa. O país precisa de grandes definições e de ter condições de estabilidade para fazer as reformas há tanto adiadas. Se não formos votar, de muito pouco nos adianta, a seguir, vir para as redes sociais vociferar contra as escolhas que não fizemos.
Votem, domingo está tudo em aberto!
* advogada