30 Oct 2025
> Helena Terra
A semana passada foi uma semana que deixou Portugal mais pobre pela partida de duas personalidades ímpares do nosso país, Francisco Pinto Balsemão e António Laborinho Lúcio. Ambos juristas de formação; ambos tiveram um papel ativo na vida política democrática do nosso país, quer no exercício das suas profissões, quer pela permanente intervenção cívica.
Francisco Pinto Balsemão, em simultâneo com a atividade de advogado, em 1963 iniciou a sua colaboração com o Diário Popular que, ao tempo era controlado por um tio seu, sendo certo que a sua ligação ao jornalismo e à imprensa remonta a 1961, quando ainda no serviço militar, assumiu a chefia da redação da revista Mais Alto, o órgão de comunicação da Força Aérea Portuguesa. No Diário Popular, esteve até 1971.
Depois da saída do Diário Popular, Pinto Balsemão criou o seu próprio projeto jornalístico, inspirado nos semanários que se publicavam noutros países da Europa e assim nasceu o semanário Expresso, em 1973. Este semanário assumiu um papel importante na transição para a democracia e tornou-se, até aos nossos dias, um dos mais prestigiados títulos da imprensa portuguesa.
Foi o pioneiro da existência da televisão privada em Portugal, com a criação da SIC que teve a sua emissão inaugural a 06 de outubro de 1992.
Nos últimos anos do Estado Novo, após as eleições legislativas portuguesas de 1969, foi deputado à Assembleia Nacional, representando a chamada “Ala Liberal”. Foi Primeiro-Ministro, depois de ter sido Ministro da Administração Interna e era o militante número um do PSD.
Teve um papel fundamental na história da democracia portuguesa, entre o mais, por ter sido um paladino na defesa da liberdade de imprensa no nosso país. Liberdade que ele não apenas apregoava como era dela um inabalável praticante.
No dia seguinte, deixou-nos António Laborinho Lúcio, um eminente jurista, Professor de Direito, Magistrado, Ministro da justiça, Ministro da República para os Açores nomeado pelo Presidente Jorge Sampaio. Pertenceu a várias associações, ligadas às crianças e aos Direitos da Criança. Foi presidente da Assembleia-Geral da Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família. Foi Diretor da Escola da Polícia Judiciária e do Centro de Estudos Judiciários. Era Juiz Conselheiro Jubilado.
Foi autor de várias obras jurídicas e de vários romances, livros de ficção, alguns deles com retalhos de poesia. Era um homem de cultura e com um sentido de humor ímpar.
São de Laborinho Lúcio, duas declarações inesquecíveis:
“A essência da condição humana está no caos, não na norma”.
“Condenei pessoas por atos tremendamente negativos, sendo elas pessoas fantásticas”.
Ora, numa altura em que tanto se fala da falta de qualidade dos nossos atores políticos, Pinto Balsemão e Laborinho Lúcio são exemplos a seguir. Venha quem possa replicar.
Na semana passada Portugal ficou mais pobre!
Helena Terra, Advogada
Mudou a hora
Este sábado mudou a hora
Vai iniciar-se o inverno…
Nem no calendário demora,
Pois o outono não é eterno.
De noite vão começar os dias
E os agasalhos vamos usar.
Manhãs e noites já estão frias
Temos, todos, de nos habituar.
Ficarão as saudades dos verões
Do sol, do mar e dos longos dias.
Venha boa conversa aos serões,
São noites longas e curtos dias.
Já falta pouco para o Natal…
Venha a época com luz e cor
Falta só o saltinho de pardal
Para celebrar a festa maior!