10 Feb 2025
> Eduardo Costa
“Ganha lá (país europeu) num mês o que aqui ganhava em um mês. Paga 20% de imposto e aqui pagaria 45%”, disse-me um amigo.
Um avô, professor catedrático jubilado, absolutamente desesperado, ligou-me a pedir ajuda para encontrar emprego compatível para o genro. “Vai para Londres, e vou perder a companhia dos meus queridos netos…”
Um pai e avó falou-me com as lágrimas nos olhos a dizer que a filha tinha ido para França trabalhar “e levou os meus meninos”.
Uma mãe dizia-me que a filha tem saudades de casa e a mãe chora a sua ausência. Mas, já pertence ao sistema nacional de saúde inglês. “Mas, se aqui pagassem melhor eu vinha para a minha família”. Nem se importava de ganhar menos. Só queria ganhar melhor.
Um pai disse-me que a filha “felizmente” arranjou colocação em Madrid e, assim, “está perto!”, disse em tom de alívio.
Um padrinho está triste porque uma querida afilhada informou que em princípio irá emigrar com o namorado para um país europeu. “Aqui não dá para construirmos família”.
Há anos atrás o Bispo do Porto disse, essencialmente, que acreditava muito no futuro do nosso país pois Portugal ia dispor das gerações mais bem formadas da nossa história.
O que não imaginávamos era a sangria de jovens que já estão nas universidades com a cabeça num emprego no estrangeiro. Estudo de há uma semana revela número assustador: 70%! É uma sangria!
Os empresários estão preocupados. Mão de obra de ‘chão de fábrica’, empregados de restauração e outras profissões de menor exigência académica, os imigrantes felizmente estão a resolver.
Mas, a sangria de cérebros bem formados assusta! .
(Esta crónica é publicada por cerca de 50 jornais)
Eduardo Costa, jornalista, presidente da Ass. Nacional da Imprensa Regional