30 May 2023
Bruno Aragão *
Há coincidências felizes. Na semana passada, 24 de maio, dia de aniversário de Ferreira de Castro, foi inaugurada a requalificação da Biblioteca de Ossela, que o escritor mandou erguer e à qual doou importante espólio.
E foi a propósito desta feliz coincidência que dei por mim a pensar que, de tudo o que acontece na vida, fica a essência. A espuma dos dias passa ligeira, muito ligeira. É que há um ano escrevia sobre a polémica que se havia gerado em torno da construção do Centro Interpretativo Ferreira de Castro. Uma obra que cresce do outro lado da rua da sua biblioteca agora requalificada.
1. A ideia de um centro interpretativo era antiga, mas como muitas coisas em Oliveira de Azeméis, nunca passou disso mesmo.
2. A Casa-Museu degradou-se e dificilmente cumpre requisitos museológicos e a Quinta há muito passou a sementeira das ervas do acaso das estações.
3. A Biblioteca esteve sem qualquer requalificação anos e anos. Os livros que Ferreira de Castro lhe entregou e ali organizou tinham sido há muito retirados por falta de condições. Esperamos que agora se possa ter recuperado também a imaterialidade dessa organização.
4. O espólio que ali temos é importante, mas precisa de ser continuamente aumentado e alimentado. Precisa de enquadramento, de interpretação e de programação constante. Não se trata de paredes, nem dos sapatos em cima de um baú. É antes uma mensagem profunda sobre justiça social, sobre a errância do Homem e sobre um mundo melhor.
Na semana passada, nessa feliz coincidência, foi apresentado o Plano Estratégico para a Valorização de Ferreira de Castro. E isso já não é uma coincidência. Ferreira de Castro, deve ser, para nós oliveirenses, um modelo de cidadania. Foi grande como escritor, mas foi um Homem ainda maior. É a essência. E é por isso determinante a prioridade que o Município hoje lhe dá.
* Presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista