4 Dec 2024
*Helena Terra
Todos os anos no dia 07 de dezembro, véspera de feriado, várias coisas se podem comemorar.
A 07 de dezembro de 1917, os Estados Unidos entram na Primeira Guerra Mundial e declaram guerra contra o Império Austro-Húngaro. No mesmo dia em 1941, o Japão ataca Pearl Harbor, na ilha de O’ahu, no Havaí, marcando a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Em 1972, ocorreu nesse dia o Lançamento da missão Apollo 17. Em 1996, após 18 dias em órbita, a nave espacial Columbia retorna a Terra com sua tripulação. É o voo de maior duração na história do veículo espacial norte-americano. Todos estes acontecimentos foram importantes para a história mundial e tantos outros que aqui não vou elencar. A 07 de Dezembro de 1924, nasceu em Lisboa Mário Alberto Nobre Lopes Soares.
Mário Soares figura incontornável do panorama político nacional, deixou um legado memorável na esfera política, intelectual e social do país. Licenciado em Direito foi Advogado, político, escritor e um homem de cultura. Foi um homem de coragem e da transição democrática em Portugal. Foi obreiro e protagonista de momentos importantíssimos da nossa história coletiva. A luta contra o fascismo foi missão que abraçou muito cedo e na qual se manteve durante 32 anos. Esteve preso várias vezes e depois, em 1968, por ordem de Salazar foi deportado para São Tomé. Desde 1970 esteve exilado em Paris. Em 1973 foi um dos fundadores do Partido socialista. De Paris regressou 3 dias depois da Revolução dos Cravos no chamado comboio da Liberdade, acompanhado da mulher Maria Barroso. Foi Primeiro-Ministro entre 1976-1978, de 1983-1985 e foi neste ano e nesta qualidade, a 12 de junho de 1985, que assinou no Mosteiro dos Jerónimos o Tratado de adesão à então C.E.E e C.E.C.A.. Foi Presidente da República (1986-1996).
Se fosse vivo completaria 100 anos este ano, no dia 07 de dezembro. A sua vida foi marcada pela luta incessante pela Liberdade e pela Democracia. O seu papel no célebre comício da Fonte Luminosa, a 19 de junho de 1975, foi marcado por uma afirmação de que, só um homem de coragem seria capaz naquelas circunstâncias político militares – O povo português não quer uma ditadura comunista. Isto é muito claro!”. A mobilização popular que transformou a Alameda Afonso Henriques em Lisboa e a ovação ao seu discurso deixaram muito clara qual a vontade do povo.
Mário Soares tinha da política a visão de que ela não era um fim em si mesma, mas um instrumento indispensável à manutenção da Democracia. Mário Soares o político da tolerância e do respeito nunca deixou de dizer o que pensava e sempre assumiu que o que o fascinava na política era o exercício da liberdade. Foi deste partido que um dia me tornei militante, o partido socialista de Mário Soares e não qualquer outro, ainda que com o mesmo nome. O seu carisma, a sua integridade e honestidade intelectual, a sua coragem política e pessoal, o amigo incondicional do seu amigo… Uma personalidade a reter e lembrar.
* Advogada