TeMA recebeu no primeiro ano 34 espetáculos e cerca de 11.500 espetadores
Com a passagem da celebração de um ano do TeMA, no passado dia 11 de novembro, a Azeméis TV/FM convidou a vereadora da cultura, Ana Filipa Oliveira, e o programador cultural do município, Luís Portugal, para fazer um balanço deste primeiro ano. Com várias ideias debatidas ficou vincado a importância das associações e das freguesias na afirmação da cultura oliveirenses e foram esclarecidas algumas das questões levantadas sobre a utilização do TeMA pelas associações e de que forma está pensado integrar as mesmas no panorama cultural.
Um ano do TeMA. “O TeMA fez um ano de abertura a 11 de novembro, dia de São Martinho, mas antes de abrir as suas portas houve muito trabalho por trás, que não foi visto cá fora. E o grande desafio foi depois da obra estar feita. Como é que vamos pôr isto em prática? Fazer a programação com antecedência, pôr a casa pronta para depois poder receber a programação. Esse foi o grande desafio, mas foi realizado de forma muito positiva e foi realizado também com muita ambição da nossa parte e acho que o feedback durante estes 12 meses também tem falado por si, tem sido um feedback muito positivo por parte do público.”
O TeMA e a sua estética. “Estamos a falar de uma grande reabilitação [e existem muitas] opiniões em relação à estética. Ou nós podemos ser ambiciosos e fazer uma arquitetura mais contemporânea, trazer materiais do século XXI, e dizemos isto é uma reabilitação deste século, ou, então respeitamos a traça que já era antiga. Qual é que é o problema aqui? Nós temos que adaptar a implantação, ou, a dimensão que nós temos para a implantação do edifício antigo a necessidades novas, a critérios e obediências novas, novos decretos de lei. E, talvez, isso muitas vezes impossibilita de fazermos a reabilitação como nós desejaríamos e deixar o edifício na sua origem. Eu não tive por dentro do projeto original, falei apenas com os arquitetos algumas vezes e este resultado advém dessa necessidade. Portanto, nós não conseguimos respeitar o edifício que está antigo, na reabilitação, porque temos necessidades novas para serem introduzidas naquela área a implementar. E há essa opinião que nós realmente somos ambiciosos e trazemos uma linguagem contemporânea, e a linguagem contemporânea normal num centro de uma cidade acaba por se destacar, e é isso que acaba por acontecer com o TeMA.”
Existem condições nas freguesias. “Dizer que nós não temos condições, eu não concordo com isso. Eu tive a oportunidade com o Luís [Portugal] (programador cultural do concelho) fazer um roteiro cultural, também para ele conhecer a realidade das freguesias e das nossas associações, e verificamos que as nossas freguesias também têm umas boas salas de espetáculo, muitas delas ainda não estão equipadas como nós desejaríamos, mas acabam por já ter algumas condições para essa oferta. O auditório da Junta Freguesia [de Oliveira de Azeméis] está a terminar as suas obras, é mais uma oferta. As nossas escolas, na sua maioria também têm auditórios, portanto, dizer que não existe oferta, não concordo, ela existe. Pode não existir muitas vezes para a quantidade que nós queremos. E lá está, tem que ser analisado caso a caso. (…).”
A participação das associações e os custos do TeMA. “Há um regulamento e esse regulamento é público, qualquer pessoa pode ler. Uma associação pode usar o TeMA e tem direito a uma isenção. Portanto, há uma taxa que pode ser ou não aplicada. Estar a dizer que há um custo associado a todas as associações não é assim. Está tudo espelhado no regulamento. Há uma isenção de uma utilização anual que qualquer associação pode solicitar, depois há uma taxa mínima, que já existia no antigo Caracas, não é nada de novo para as associações, nem é nada de novo que nós estamos a aplicar no tempo. Isto já foi feito com duas das nossas bandas, de Fajões e Loureiro, e não houve essa cobrança desse valor [de 2 mil euros]. As associações têm direito a usar o TeMA e têm direito à sua isenção [uma vez no ano]. Não é cobrado esses 2 mil euros e acaba por ser sempre um apoio da câmara, porque existem sempre custos com a sala. (…). O nosso objetivo, cada vez mais, é fazer coproduções com os nossos agentes culturais, convidá-los a participar connosco e aderir ao TeMA e fazerem parte da nossa organização. Portanto, não é de todo esse objetivo estar a cobrar esse valor ao nosso movimento de associativo.”
Quando as associações organizam espetáculos para quem retribuiu a receita da bilheteira?
“Isso é definido por cada associação. Portanto, há o pedido de utilização do TeMA, e os critérios são definidos por cada associação. Aliás, a câmara nem sequer opina sobre isso, porque é a organização da própria associação. Se deseja aplicar um valor, qual é o valor, ou, se é gratuito, é uma decisão de cada dinâmica e de cada grupo. (…).[UMA PARTE DA RECEITA VAI PARA A CÂMARA?] Isto acontece em todas as casas de espetáculos, não é só no TeMA, isto é bom frisar. Nós temos um contrato com uma empresa da qual vendemos os bilhetes online e há uma verba que tem que ser paga. E é isso, o valor não é para a câmara. O valor é, neste caso, pago à Ticketline. Portanto, nada tem a ver com a câmara municipal.”
Ana Filipa Oliveira, vereadora com o pelouro da cultura
O trabalho feito a nível de programação cultural. “A primeira coisa que eu tentei fazer e que se conseguiu, foi fazer um périco e fazer uma visita por todo este território a todas as associações culturais e não só. Conhecer as pessoas, os espaços que elas utilizam para desenvolver esse trabalho cultural e só assim é que se começou a conseguir dar os primeiros passos para criar a tal dinâmica cultural que nós pretendemos que se crie. E também começar a trabalhar dentro da programação do próprio espaço, do TeMA. As pessoas acusam que o TeMA não é utilizado, ou, não tem um grande número de espetáculos. Eu não considero que seja a coisa mais importante. Considero que [é importante] a cultura chegar a toda a gente e chegar a todo o território.”
Como se pode envolver as associações? “Dar-lhes ferramentas para que isso possa acontecer. Por exemplo, uma das ferramentas que se pode dar é aquilo que vai acontecer ainda este mês com um belíssimo músico chamado Daniel Pereira Cristo, que já ganhou o prémio Carlos Paredes pelo seu trabalho com o cavaquinho. E como sabe, todos os nossos grupos ranchos e grupos etnográficos têm sempre a sua tocata, têm sempre os cordofones nas suas tocatas, ou seja, cavaquinhos, bandolins, guitarras. E esse músico vai estar aqui, ao longo de duas tardes, com todos os ranchos e grupos etnográficos que queiram participar nesse debate, nessa aprendizagem, para depois poderem utilizar esses mesmos instrumentos nos seus espetáculos e melhorá-los consideravelmente. Devagar vamos conseguindo todos os meses, mais ou menos, ter sempre uma atividade que dê melhores condições em termos de conhecimento de experiência às nossas associações.”
‘Seminário do Associativismo Cultural’ em fevereiro. “Vamos fazer um seminário para todas as nossas associações, chamado ‘Seminário do Associativismo Cultural’. Vamos ter formadores para formar nas diferentes áreas, desde a forma como devem funcionar internamente, como conseguem concorrer a candidaturas, para conseguir ter verbas, etc. Vamos fazer esse seminário no início do mês de fevereiro, é mais uma.”
Luís Portugal, programador cultural do município