A ética, tecnologia e Inteligência Artificial (IA)

Carlos Costa Gomes

A nossa conceção de homem, na perspetiva da ontologia biológica, habitualmente estagia nove meses, acolhido no corpo da mãe, sai para o mundo e inicia um processo desenvolvimento que se manifesta no tempo que lhe é dado a viver, até à morte. Este desenvolvimento, no ser humano, dá-lhe uma especial categoria ontológica.

Da sua constituição biológica, o cérebro humano, dispõe de uma certa área, com poucos milhões de neurónios, que fazem toda a diferença, que é o cérebro executivo (sobre este assunto ver, Goldeberg), que é quase como o maestro de uma grande orquestra cerebral, que regula a ativação dos grupos de neurónios e das suas múltiplas redes sinápticas para que as decisões humanas sejam uma sinfonia coerente e rica de significado, quer racional, quer emocional. É por esta via que o ser humano elabora e modela as suas decisões. 
O homem, como homem, é limitado no seu tempo de viver. Consciente desta realidade o homem - que sabe que o seu tempo de viver é limitado – tem a ansiedade e o desejo em eliminar o tempo limitado da sua vida. Os progressos atuais da tecnologia à biotecnologia, nomeadamente e em particular, a Inteligência Artificial e da Edição do Genoma Humano, “parecem conduzir” o homem, para a sua ânsia de imortalidade. É evidente que o ser humano já não está no “jardim das delícias”. Esse território é já um paraíso perdido. O ser humano encontra-se já num diálogo homem-máquina que depende do sistema económico que o cria. Este homem que de graça recebeu o mundo e o seu semelhante viaja um ritmo estonteante e, rapidamente, para um mundo sem humanidade e sem trabalho; para um mundo onde os problemas serão resolvidos pela tecnologia: pela inteligência artificial e pela edição do genoma humano; e onde, o homem gozará de abundância universal!?
O futuro tecnológico, a IA, sem humanidade é um futuro sem o ser humano. A humanidade sem uma ética de base antropológica pode tornar-se numa orquestra tecnológica supervisionada por computadores superinteligentes – máquinas e algoritmos, ciborgues e robôs – ou por quem os domina!? O futuro tecnológico, nesta perspetiva, até poderá tolerar os humanos como animais de estimação ou, na melhor das hipóteses, como um mal necessário; na pior das hipóteses, escravizados pela deusa da tecnologia! Será, na nossa perspetiva, uma sociedade dessensibilizada, desincorporada e desumanizada.
  * Colaborador do Correio de Azeméis
 

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