Urb@nidades - Rui Nelson Dinis
Rui Nelson Dinis
O país não esquecerá tão-cedo os enormes contributos da Ministra Marta Temido, da Diretora-geral Graça Freitas e do Almirante Gouveia e Melo, pelos seus contributos na difícil batalha contra a pandemia do Covid-19. Tudo o resto são periclitantes estados de espírito, que não sobrevivem à história. Essa missão será inesquecível e merece a nossa humilde gratidão.
Essa memória, ainda assim, não deve fazer esquecer, nem deve desviar as atenções do fiasco em que estão as reformas no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O SNS precisa de ser reformado, para sobreviver. Os seus adversários são fortes, agressivos e demolidores. Impiedosos.
A Ministra Marta Temido, na hora da despedida, não pareceu estar preparada para aquele difícil combate pela reforma do SNS, nem para as caneladas e rasteiras dos inimigos do SNS. Nem para a desordem da Ordem e dos Sindicatos. A pandemia protegeu a sua governação de previsíveis debilidades, mas a normalização da situação pós-pandemia ia fazer emergir entre o caos, todas as fragilidades desde então constatadas.
As reformas correm sempre contra o tempo e este parece esgotado. Não saberemos, sem prazo razoável, a eficácia das mesmas. A sua demissão, entretanto, tornou-se o resultado mais esperado e inevitável, só surpreendendo o desgaste de ocorrer apenas cinco meses depois de um novo Governo iniciar funções. Sai assim, sem glória, mas com honra, aquela que terá sido a Ministra mais popular do anterior Governo.