A Oriente Tudo de Novo

Urb@nidades - Rui Nelson Dinis

Rui Nelson Dinis *

No Portugal dos Pequenitos, os comentadores nacionais excitam-se porque o Primeiro-Ministro, António Costa, encurtou a sua participação na reunião do Conselho de Estado, supostamente para viajar para Oriente e assistir a um jogo de futebol da seleção feminina na Nova Zelândia. Discutir o palco das jornadas de juventude (JMJ) não parece suficiente.

Aqueles são os mesmos que esquecem que a visita a Oriente do Primeiro-ministro foi, sobretudo, para se deslocar a Timor-Leste, sendo o primeiro chefe de governo estrangeiro a visitar o país depois das últimas eleições legislativas de maio, numa altura em que o atual ciclo político em Timor-Leste se encerra nos maiores riscos, em algumas áreas, para a relação bilateral, com o início de um novo mandato e a transição de poder novamente para um governo liderado pelo líder histórico Xanana Gusmão. Esta viagem de António Costa foi absolutamente oportuna! 

O balanço da visita de Costa (de que não se fala), parece dar razões para esquecer que, exatamente nove anos antes, o anterior Primeiro-ministro, Passos Coelho, visitara aquele país, pela primeira e última vez, numa visita sem história nem brilho, forçada pela cimeira da CPLP, que não deixou memória e onde a comunidade portuguesa foi olimpicamente ignorada.

Espero que esta viagem do Primeiro-ministro Costa, a par da magnífica visita do Presidente Marcelo no ano passado, possa também ajudado a redimir, pelo menos parcialmente, o total apagão dos líderes políticos portugueses, que estiveram ausentes das celebrações dos 500 anos da chegada dos portugueses à ilha de Timor, evocada em 2015, onde nem o Presidente Cavaco, nem o Primeiro-ministro Passos, nem o Presidente da Assembleia da República se dispuseram a estar presentes. 

Timor-Leste é um país distante, mas apenas na distância e geografia. A sua história e independência estão fortemente ligados à nossa democracia. Não nos podemos esquecer que a luta pela autodeterminação de Timor-Leste foi essencial para a sua independência, mas também para nos resgatar da nossa própria história, considerando que Timor-Leste, não apenas foi desígnio nacional de amplo consenso na sociedade portuguesa e na Constituição de Abril de 74, mas também, ironicamente, foi a única das antigas colónias em que Portugal, ainda que tarde, assegurou um verdadeiro processo de autodeterminação.

Acresce que, Timor-Leste, sendo um país pequeno e distante, tem uma posição única, no caminho das relações entre a Ásia e o Pacífico, bem como no contexto do sudoeste asiático, sendo de prever a sua integração na ASEAN (comunidade dos Estados do Sudoeste Asiático), sendo o único país com que Portugal poderá contar, de forma direta e próxima, para ter assento nas decisões sobre a maior região económica, demográfica e social do planeta. 

Enfim, a vida, realmente, não é apenas futebol.
 
  (comente em: dinis.ruinelson@gmail.com)

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