António Magalhães
Há 28 anos, em 21 de Junho de 1995, a Assembleia da República erigiu as vilas de Fajões, Loureiro, Pinheiro da Bemposta e Nogueira do Cravo. Casimiro de Almeida, então deputado aveirense, teve conhecido esforço nesta consagração - prémio legítimo para sucessivas gerações que ao longo dos tempos determinaram o desenvolvimento destas nossas freguesias.
O tema, contudo, merece algumas breves reflexões no caso de Pinheiro da Bemposta, tema, aliás, que esteve já nas colunas do “Correio de Azeméis” na oportunidade, pela pena de um devotado pinheirense que há muito nos deixou.
O concelho da Bemposta – um dos mais importantes da Estremadura segundo escritos da época - foi criado, em 1514, por foral de D. Manuel I. Estendia-se por Palmaz, Loureiro, Travanca, Macinhata da Seixa e Ul, mais Branca e Ribeira de Fráguas (Albergaria-a-Velha), Fermelã, Canelas, Salreu e Santiais (Estarreja), ainda Assequins (Águeda).
A reforma administrativa de 1885, de Mouzinho da Silveira, reduziu de 871 para 351 o número de concelhos, entre eles o nosso da Bemposta e o vizinho de Cabeçais (Arouca), porque, no dizer do historiador Gaspar Martins Pereira, havia alguns tão pequenos, criados na Idade Média, que eram autênticas aldeias.
Aquando da referida promoção de Pinheiro da Bemposta a vila, em 1995, de pronto o saudoso Adelino Martins, profundo estudioso da história da sua terra, levantou o problema junto das entidades responsáveis, que corroboraram a sua opinião: a extinção, em 1885, do concelho da Bemposta, não lhe retirou o título de vila. Pelo que Pinheiro da Bemposta é vila desde 1514, a nossa mais antiga vila, pois que a sede do concelho, hoje cidade, apenas conheceu o galardão de vila em1799.
É esta a verdade histórica. Que, naturalmente, não retira minimamente a gratidão pelo esforço dos que, em 1995, com toda a boa fé, lutaram pela promoção do Pinheiro da Bemposta.
Sabe-se que a chamada “reforma Relvas”, de 2013, extinguiu a freguesia do Pinheiro da Bemposta, agregando-a a Palmaz e Travanca. Houve reacções iniciais, mas, mais ou menos, ficou a ideia de que todos se foram acomodando. Todavia, comparar a “Reforma Mouzinho” à “Reforma Relvas”constitui acto de preocupante desconhecimento. Mouzinho não extinguiu uma única freguesia, antes pôs fim a inúmeros concelhos… “ruínas medievais” sorvedouros de recursos.
(Escrito de acordo com a anterior ortografia)