14 Jun 2023
Ana de Jesus *
Tem sido frequente assistir e participar em conversas entre pessoas indignadas com o aumento de quase 50% da taxa de lixo. Verdade seja dita, tais conversas, inconsequentes, ocorrem na mesa de café.
Por questões ambientais, sanitárias e económicas seria a altura de refletir sobre o que estamos disponíveis a fazer para alterar este aumento brutal da taxa de lixo. Uma coisa é certa, não é difícil dar uma volta pelas ruas do concelho e ver os caixotes de resíduos urbanos a abarrotar de lixo que deveria ter outro destino, como papel, vidro, plástico, verdes, madeiras, etc etc. Como se trata de lixo volumoso o normal é ele transbordar para a via, dando uma imagem porca e pouco cívica.
A taxa é por definição uma prestação que se exige dos particulares como contrapartida por um serviço público que utiliza. Todos sabemos que não é assim que as coisas acontecem, pois uns pagam demais outros de menos para o lixo que produzem, precisamos de alterar as regras para que se adeque o que pagamos ao lixo que produzimos.
Se o valor que pagamos deve cobrir o valor que a câmara tem que suportar com a recolha do lixo e sua entrega no aterro, então temos de concluir que temos de reduzir a quantidade de lixo que é recolhido nos contentores verdes. Assim pergunto: estamos dispostos a fazer alguma coisa para cuidar do nosso planeta e do nosso bolso? Estou convicta que só uma ação planeada, coordenada e liderada pelo poder público, repensando a forma de recolha e a criação de espaços que recebam aquele lixo não urbano mas que não é papel, vidro ou plástico, uma ação que envolva escolas e instituições numa missão clara de educação ambiental e que nos envolva a todos numa alteração estrutural de comportamentos.
Depois do desabafo que todos já fizemos, está na hora de individual e colectivamente começarmos a alterar o rumo das coisas. É do futuro dos nossos filhos e netos que estamos a falar e já agora de um presente, mais limpo, saudável e económico.
* Advogada e ex-vereadora da câmara municipal 2017/2021