21 Jun 2023
Óscar Oliveira *
As recentes semanas têm sido pródigas num hábito que nos tem atingido num âmbito mediático nacional: a transformação da vida política num cruzamento entre o reality show e a telenovela de baixo custo.
O pináculo das últimas semanas, e que continuará não sabemos até quando, foi assistir, pela televisão, à degustação dos gelados de sabores prediletos do presidente da República, com mais recurso para um comentário político.
A piada far-se-ia por si própria, não fosse o que espelha da degradação do comentário e do jornalismo, que vai galopando ao sabor de quem detém a CS, nos seus critérios jornalísticos. No entanto, sobre isso já muito se disse e escreveu.
Talvez seja mais salutar para reflexão uma outra linha crítica do que se passou nas últimas semanas, percebendo-se, apesar de ter surgido de comentários jornalísticos de alguns politólogos e da parte de acérrimos defensores do governo do PS, que a CS foi parcial na cobertura destes vários folhetins que nos entram constantemente e que culminam na demissão que não chegou a ser do ministro das Infraestruturas.
A radiografia não está longe da realidade, já que quase todas as intervenções, que se foram e vão sucedendo, apontavam um único caminho: a dissolução da Assembleia da República.
Têm razão aqueles que encaminhavam esta visão para a arte da construção mediática, quando no nosso país real, em que vivemos, o que mais preocupa os trabalhadores e os pensionistas é o salário e as pensões que não chegam até ao fim do mês ou a prestação da casa face às elevadíssimas taxas de juro e as contas para os bens alimentares que continuam a subir.
A quem interessa não permitir o comentário político regular que possa centrar as atenções nos problemas reais que exigem solução para melhorar a vida das pessoas? Certamente que não será por esquecimento que não se convidam comentadores da área política do PCP.
* Comissão Concelhia do PCP