17 Jan 2025
Licínio Nunes, proprietário da Quinta do Côvo, e que até ao final do ano era administrador da Saint Gobain Portugal, empresa francesa detentora da Glassdrive, veio até aos estúdios da Azeméis TV/FM falar sobre os novos projetos que tem em mente para a quinta, com investimentos superiores a 60 milhões de euros.
> Atual proprietário, pretende criar Zona Ind. privada e 84 moradias nos limites da quinta
Natural de Gaia, Licínio Nunes é o novo proprietário da Quinta do Côvo, património de Oliveira de Azeméis e que recentemente foi noticiado, pelo Correio de Azeméis, que a câmara municipal anunciou que a Quinta do Côvo iniciava o processo de classificação de património.
Nesse sentido, o atual proprietário, que até ao final do ano era administrador da Saint Gobain Portugal, empresa francesa detentora da Glassdrive, veio até aos estúdios da Azeméis TV/FM falar sobre os novos projetos que tem em mente para a Quinta do Côvo, com investimentos superiores a 60 milhões de euros.
Quinta do Côvo, um bom investimento. “A Quinta do Côvo pareceu-me um bom investimento. É uma quinta com enorme potencial porque aquilo que eu pude ver com os arquitetos que contratei na altura é que era possível desenvolver a Quinta do Côvo em vertentes completamente diferentes do que ela tem hoje”
Os projetos para a Quinta: Zona Industrial e 84 moradias. “Eu apresentei um projeto à câmara para fazer uma zona industrial na vertente que dá para o lado de Ossela. Temos ali um projeto que tem quase 100 hectares para fazer uma zona industrial. E a câmara gostou muito daquilo. Depois lançamos o loteamento 1 e o 2, que estão situados junto à antena, lá em cima, próximo do estádio do Bustelo, onde temos em perspetiva a construção de 84 moradias. Depois, para a própria quinta, temos uma ideia, que é fazer pequenas quintas dentro da quinta .De forma a que a quinta se torne uma quinta com gente, porque a quinta tem muito terreno, muita árvore, mas não tem gente. É criar mini quintas dentro da quinta, onde seja possível construir uma casa e as pessoas terem uma área de 4 ou 5 mil metros, vivam dentro da quinta deles, dentro da quinta. É um conceito novo que abre a perspetiva da quinta. O miolo da quinta permanece”
“A Quinta do Côvo tem imenso potencial”. “A Quinta do Côvo tem imenso potencial, e é uma peça histórica que está aqui. Tem mais de seis séculos e é preciso olhar para aquilo com outra visão. Tenho feito um esforço para manter a Quinta do Côvo e hoje está melhor felizmente também pelas pessoas que tem lá a trabalhar, que são pessoas com genica e com garra. A Quinta do Côvo está muito bem tratada e tem todo o potencial para ser amanhã uma coisa interessante, um ponto de turismo. Poderia ser uma estalagem, um hotel”
A vontade de investir em Oliveira de Azeméis. “Já investi muito dinheiro aqui e quero investir muito mais. Só a zona industrial, se a fizesse, são 60 milhões de euros que ia meter aqui. Portanto, projetos para Oliveira de Azeméis tenho e tenho a ajuda e o beneplácito da câmara. O que eu pretendo de Oliveira de Azeméis é ser mais um Oliveirense e participar no desenvolvimento da cidade e da região”
“Não há vestígios da Fábrica de Vidro”. “Não há vestígios da Fábrica de Vidro. Sabe-se que foi lá, porque os relatos todos dizem que foi lá. Vestígios não há, aparece um bocadinho ou outro de vidro já desfeito. O antigo proprietário tinha algumas peças de vidro, eu não tenho nenhuma. Ele não me deixou e eu também não comprei com esse pormenor. Eu não tenho qualquer vestígio da existência do forno, mas sei onde era. Depois temos é o Palacete. O Palacete é interessante, tem 40 e tal divisões, está ocupado no piso zero com as pessoas que tratam da quinta, e o piso um está-me reservado a mim, onde está espólio da quinta com livros, quadros, móveis, com uma data de coisas que eu continuo a manter. A própria capela que eu restaurei toda exteriormente”
Quinta do Côvo “é uma peça emblemática da cidade”. “Percebo que os Oliveirenses considerem a Quinta do Côvo como património deles, porque é, porque aquilo que nos rodeia é sempre o nosso património. É uma peça emblemática da cidade e do concelho e, portanto, os Oliveirenses têm razão em considerar a Quinta do Côvo como deles, embora não seja efetivamente deles”
“Eu não sendo um Oliveirense, gostava de ser”. “Eu não sendo um Oliveirense, gostava de ser. Eu não vim para Oliveira de Azeméis, nem para hostilizar Oliveira de Azeméis, nem para pegar na quinta e desfazê-la. Vim para viver Oliveira de Azeméis. É óbvio que como investidor quero rentabilizar a quinta. Agora, com certeza que nas zonas menos nobres da quinta vou fazer projetos para desenvolver [Oliveira de Azeméis], até porque Oliveira de Azeméis tem, a meu ver, dois problemas. Um é a falta de uma zona industrial a sério. E o outro é o facto de aqui termos falta de casas, como há no país todo, e que me deu a ideia de construir [casas] junto à Via do Nordeste”
“Oliveirenses podem contar comigo para desenvolver a região”. “Licínio Nunes é uma pessoa simples que vive em Miramar, ali na zona de Gaia, e que decidiu em 2018 investir e comprar a Quinta do Côvo aos herdeiros. Filo numa perspetiva empresarial para apostar um bocado na quinta, porque achei interessante. Eu não comprei a quinta para investir no vidro, porque a Fábrica de Vidro está desativada, hoje nada resta daquilo. Não há nem vestígios. Achei piada à história da Quinta do Côvo e também liguei um bocado à história da empresa que eu representava à época, que era a Saint Gobain que é hoje a detentora da Glassdrive. Foi isso que me despertou na quinta. Tenho tido um apoio fantástico da câmara, que não se tem rogado a esforço para me ajudar e os Oliveirenses podem contar comigo para desenvolver a região”
O passado no jornalismo. “Fiz jornalismo há muitos anos e exerci durante uns anos, mais por carolice que por outra coisa, porque na época o jornalismo não era bem o que é hoje. Ainda existe, por exemplo, o jornal do qual eu fui diretor e fui chefe de redação [Gaiense]. (…) A génese é da família da mãe do meu filho, uma família muito importante de Gaia, que desenvolveu o jornal. O avô da minha mulher foi o fundador do jornal. (…) Trabalhei com outro jornal, que era o Diálogo, trabalhei com o Mário Figueiredo no 1º de Janeiro, e trabalhei no Notícias também”
Empresário com gosto pela escrita. “O meu pai sempre foi um empresário, nunca trabalhou para ninguém e eu tinha o mesmo bichinho. Eu estudava, trabalhava, geria empresas, mas tinha sempre o bichinho de negócios e da escrita. Tenho sete livros editados e tenho mais uma série deles para editar, que não tenho tido tempo porque até 31 de dezembro passado fui presidente da Saint Gobain e, portanto, não tinha tempo para tudo. Já tive até hoje 46 empresas, ligadas ao imobiliário, ao automóvel, a investimentos. Tenho um património interessante que veio daí dos negócios que fui fazendo. E a Quinta do Côvo insere-se justamente nesse tipo de projeto”.