A sustentabilidade na construção modular pré-fabricada

Sustentável, inovador, e evolutivo são as palavras de ordem que definem o ‘CircularBuil’, o nome do projeto que dá vida a um sistema construtivo modular pré-fabricado industrializado com características conceptuais e construtivas baseadas nos princípios e necessidades energéticas, near Zerp-Energy Build. Motivado pela sua constante insatisfação, o mentor do projeto, Jaime Silva, oliveirense de 54 anos, natural da freguesia de Ul, alavancou uma ideia que, inicialmente, tinha como objetivo colmatar a “falta de qualidade de vida” que considera que a atual construção proporciona. “A indústria da construção é altamente desenvolvida, tem tecnologias associadas aos produtos, mas a construção em si é muito démodé, constrói-se igual há 50 anos, não se inovou”, explicou em entrevista ao Correio de Azeméis. Mais tarde, com o desenvolvimento da ideia, surgiram as questões ambientais, por isso arquiteto descrever este projeto como capaz de proporcionar “elevados níveis de conforto interior” aliados à sustentabilidade e à integração de materiais eco-friendly. 
“O ‘CircularBuild’ permite a construção de edifícios inteligentes e verdes”, referiu Jaime Silva. O projeto assume-se como uma “nova era da construção” que pretende, também, responder às dificuldades do setor, tais como a falta de matéria-prima e mão-de-obra. As vantagens em relação aos métodos de construção tradicional. Em primeiro lugar é um contribuinte ativo para a descarbonização, devido às tecnologias carbono zero e à não utilização de recursos hídricos em nenhum processo. É evolutivo devido ao seu sistema de construção modular que permite, “sem qualquer desperdício”, a desmontagem e posterior remontagem de qualquer edifício, com um leque vasto de combinações possíveis, que se adequam ao programa, tipologias e necessidades dos utilizadores. “Podemos construir edifícios completamente diferentes, mas exatamente com as mesmas peças”, explicou Jaime Silva. O ‘CircularBuild’ pretende construir edifícios “energeticamente eficientes”, e que integra os princípios da corrente ‘Passive House’, focados na maximização do conforto térmico. Em declarações ao Correio de Azeméis, Jaime Silva considera ter criado “novos empregos” e “verdes”, uma vez que o sistema pré-fabricado otimiza a mão de obra e reduz o impacto logístico do transporte de matérias-primas e de trabalhos no local da obra. “A construção é feita num temo muito reduzido porque 90 por cento do processo é industrial. Já vão nos painéis as infraestruturas elétricas, águas, esgotos e ventilação”, explicou o arquiteto. O ‘CircularBuil’ permite, ainda, rigor na orçamentação: “Quando digo que um edifício custa x, ela custa mesmo x porque não há razão para haver desvios”, considerou Jaime Silva. 
O ‘CircularBuild’ foi desenvolvido no âmbito do projeto “CircularBuild-Desenvolvimento e Validação do Conceito de Circularidade Aplicada à Construção Pré-Fabricada e Modular” ao abrigo do Programa Ambiente, operado pela Secretaria Geral do Ambiente e da Ação Climática. Para além disso, o consórcio é composto por quatro entidades: a CONCEXEC – Arquitetura, Lda., líder do projeto e detentora do I&D da tecnologia ‘CircularBuild’, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, responsável por certificar, validação e homologar a solução construtiva em estreita colaboração com o RISE, laboratório norueguês e o Cluster Habitat Sustentável. O ‘CircularBuild’ é financiado pelos EEA Grants r é suportado pelos países doadores: Islândia, Liechtenstein e Noruega.
“Isto é uma tecnologia construtiva inovadora. Não conheço nenhuma semelhante no mundo”, concluiu Jaime Silva.