O incêndio ameaçou o Hotel Vale do Rio e Rita Alves, gerente do espaço, temeu o pior
> Momentos de aflição no Hotel Vale do Rio
O Hotel Rural Vale do Rio, localizado em Palmaz, viveu momentos muito apreensivos durante o incêndio que assolou Oliveira de Azeméis na semana passada. O hotel acabou por ser evacuado, as reservas canceladas e o espaço virou um verdadeiro posto de comando das autoridades da proteção civil e serviu de abrigo para os bombeiros.
O Hotel Vale do Rio começa a voltar à normalidade depois de dias de verdadeiro terror e pânico quando foi ameaçado pelo incêndio, que teve início no sábado, dia 14. Rita Alves, gerente do hotel, recordou à Azeméis TV/FM como se desenrolaram todos os acontecimentos nestes dias de sufoco. “O primeiro foco de incêndio foi no sábado e foi controlado pelos bombeiros. Nesse dia tínhamos o hotel completo e os hóspedes ficaram sobreaviso. No domingo, de tarde, percebemos que existiam focos distantes do hotel, mas existia fumo e movimento de bombeiros nesta zona”, começou por descrever Rita Alves, que por volta das 17 horas de domingo viu as chamas aproximarem-se da unidade hoteleira, que serviu de zona de comando para as forças policiais e para os bombeiros.
Uma cisterna fazia a captação de água junto ao rio, no interior das instalações do hotel, e abastecia os veículos que andavam a combater o incêndio. “Todo este cenário gerou algum conforto por perceber que estávamos rodeados de quem nos podia ajudar e também percebemos que o fogo se aproximava. Havia um misto de sensações”, disse a gerente do Vale do Rio, que perante o aproximar das chamas se viu obrigada a acionar as medidas de segurança e a comunicar a situação aos hóspedes. “Às 19 horas houve um intensificar do vento e as chamas tomaram altura e ficaram na copa das árvores e aí eu pedi para os hóspedes abandonarem o hotel e, como já tinham os seus pertences nos carros, saíram bem e ficou só o pessoal de serviço”, recordou Rita Alves que, por fim, ficou sozinha com o marido “até às 2 horas da manhã até os bombeiros considerarem o fogo extinto”.
“Hoje percebo que nós todos estivemos em perigo”
Dias depois do susto, e já sem o fumo dos incêndios a pairar no ar, Rita Alves confessou que chegou a temer que o pior acontecesse ao Hotel Vale do Rio que se apresenta, no site, com o “Rio Caima e a paisagem como cartão de visita”. “Sem estar sob pressão do momento, hoje percebo que nós todos estivemos em perigo. Achei que me ia despedir deste local e que tudo isto ia ser tomado pelas chamas. Senti que o hotel podia não ser salvo”, afirmou a gerente da unidade hoteleira.
Com o aproximar das chamas, a gerência do hotel não se acomodou e ajudou a salvar a estrutura que foi inaugurada há 14 anos. “Tentámos minimizar os estragos. Molhámos as paredes e o telhado do hotel. Temos muitos apontamentos de madeira e tenámos manter essas zonas molhadas com as nossas bocas de incêndio. Foi um teste muito grande aos meios de auto-proteção destas instalações”, acrescentou.
“Tem de haver vontade política”
Depois de ser evacuado no domingo, dia 15, o Hotel Vale do Rio deu dormida aos bombeiros que combateram o incêndio de Oliveira de Azeméis que foi ganhando maiores proporções com o passar dos dias e estendeu-se, inclusive, a concelhos vizinhos. Além de alojamento, o hotel apoiou os soldados da paz também com alimentação e água. “Alguns só precisavam de um banho, demos água e colocámos fruta nos carros enquanto estavam a abastecer. Demos o nosso melhor. O posto de comando esteve cá até segunda-feira”, explicou a diretora do hotel, que esteve encerrado desde domingo até à passada quinta-feira, tendo sido reaberto na sexta-feira.
Neste momento, o hotel já está a funcionar normalmente. “Um dos grandes problemas é o cheiro intenso a fumo que está dentro das instalações e se propaga a todos os tecidos. Tudo está a ser lavado e higienizado. Estamos a tentar fazer um arejamento natural e a dar o nosso melhor ao nível de limpeza para receber os primeiros hóspedes e no fim de semana [passado] vamos estar completos”, contou Rita Alves no dia da reabertura do hotel, na passada sexta-feira.
Esta responsável lembrou que deviam ser tomadas algumas medidas para evitar que esta situação, que já não é inédita, volte a acontecer. “Nós fizemos vários alertas, ao longo destes anos, que toda a mata à volta do hotel devia ser limpa, que todos os seus proprietários deviam ser notificados, para que isto não acontecesse. Na verdade, nada foi feito. O município sabe disto e os proprietários têm consciência que isto pode acontecer e, lamentavelmente, aconteceu mais uma catástrofe. Tem de haver vontade política”, afirmou Rita Alves em declarações à Azeméis TV/FM.
A unidade hoteleira não sofreu estragos físicos e a paisagem em seu redor manteve-se intacta. “Tivemos alguma proteção divina”, acredita Rita Alves, lembrando que toda a floresta que circula o hotel é de “fraca combustão”. Contudo, o cenário durante o percurso até chegar ao hotel, percorrendo qualquer um dos acessos, é negro.