10 Oct 2022
Vítor Januário *
As AEC (atividades de enriquecimento curricular) poderiam até ser uma oportunidade de relação da escola com o meio por via das aprendizagens e competências que nesta se obtêm ou desenvolvem e potenciam. Contudo, este propósito fica muitas vezes impedido pelo confinamento das crianças ao recinto escolar, mesmo após o conclusão diária das tarefas de aula. Esta persistência numa ideia de “escola a tempo inteiro” submete os mais novos a horários que rivalizam com os de muitos adultos.
Embora a frequência das AEC seja facultativa, a falta de vontade política do poder executivo e do legislativo impossibilita alterações laborais que permitiriam tempo para os pais acompanharem os filhos e, deste modo, também as famílias desfrutarem de uma pequena parte do dia destinada a interação de lazer.
É verdade que muitos encarregados de educação necessitam de contributo para orientação dos(as seus(suas) educandos(as) no estudo (fora do âmbito desta oferta) , mas precisam também as famílias que os filhos possam usufruir, como direito democrático, de atividades que se desenvolvam nas localidades onde residem. Torna-se, então, indispensável que o poder autárquico se obrigue ao esforço de respostas sociais que contribuam para a superação destas dificuldades, tanto através de contactos promotores da conciliação da vida laboral com a familiar quanto por via da comunicação com coletividades/ associações desportivas, recreativas e culturais .
Para um crescimento com igualdade de oportunidades, o tempo e o espaço de atividades lúdicas acessíveis a todas as crianças exigem comprometimento dos decisores adultos.
* Candidato CDU