Afinal, onde está o espólio da ‘mamoa’ de Prazins?

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Câmara garantiu ao Correio de Azeméis que se encontra no arquivo municipal

Situada na antiga Portela e atual Lugar da Cruz, a ‘mamoa de Prazins’ tem sido alvo de discussão. Há alguns dias, movimentações de máquinas no terreno onde se encontrava a ‘mamoa’ preocuparam os fajonenses de que o património cultural pudesse ser posto em causa. O presidente da junta de freguesia, Óscar Teixeira, diz que “a máquina só veio limpar o terreno”. Depois de espólio recolhido durante as escavações realizadas pelo arqueólogo Fernando Pereira da Silva ter sido levado para Arouca, em 1988, a câmara municipal garantiu que este já regressou ao concelho de Oliveira de Azeméis.

 

Imagem capturada em 1988 aquando o estudo arqueológico feito pelo oliveirense Fernando Pereira da Silva

 

Segundo o presidente da junta de freguesia de Fajões, Óscar Teixeira, o espólio ainda está em Arouca. “Nem eu, nem os historiadores conseguem perceber porquê que na altura foi retirada do concelho, uma vez que era interessante estar no nosso museu porque foi encontrado no nosso concelho”, referiu. “Com esta situação já tentamos perceber o porquê de ela se encontrar lá e ver se há possibilidade de a recuperar e devolvê-la ao concelho”, acrescentou. 
O presidente da junta fajonense disse ainda saber que há “intenção dos historiadores de que o terreno seja, no futuro, analisado de forma a que se perceba se existe algo mais para além daquilo que foi encontrado”. Para além disso, garantiu que essa investigação “poderá ser uma possibilidade”. 
Questionada pelo Correio de Azeméis, a câmara municipal garantiu que o espólio já regressou a Oliveira de Azeméis. “Com a morte do arqueólogo Fernando Pereira da Silva em 2010, a família solicitou ao Centro de Arqueologia, nomeadamente ao arqueólogo António Manuel Silva, que estudou a mesma região embora numa temática distinta, que tratasse a questão dos espólios ali depositados”, referiu. “Na sequência disso, foi entregue ao Gabinete de Arqueologia e Museologia da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, o espólio recolhido na escavação da Mamoa do Castelo em Fajões”, acrescentou. 
Segundo a autarquia, o espólio terá, à data dos estudos, seguido para Arouca, uma vez que “como o Fernando Pereira da Silva fazia parte do Centro de Arqueologia de Arouca e estava a fazer uma tese de doutoramento sobre o megalitismo do entre Douro e Vouga, tinha ali condições para ter os materiais depositados e acessíveis para o estudo que estava a desenvolver”. 
Em entrevista à Azeméis TV/FM, Samuel Bastos Oliveira, professor e fajonense interessado nos assuntos da freguesia, nomeadamente a sua história, e Luís Filipe Oliveira, ex-presidente da junta de freguesia de Fajões, referem que os vestígios foram levados para Arouca, mas não referem o seu regresso ao município de Oliveira de Azeméis. Já Jorge Paiva, também ex-presidente da junta fajonense, garante o regresso dos vestígios ao concelho, que, segundo afirmou ao Correio de Azeméis, encontram-se no Arquivo Municipal de Oliveira de Azeméis. 


Jorge Paiva, ex-presidente da junta fajonense, diz que os vestígios estão no Arquivo Municipal de Oliveira de Azeméis 
“A mamoa era um monumento que estava danificado. O que foi para Arouca, para um Centro de Arqueologia, fundado pelo autor das escavações, Fernando Pereira, (…) foram os cerca de 199 artefactos, todos identificados na Ulvária. Eu acompanhei as escavações a par e passo. Em 1988 não tínhamos, em sede de junta de freguesia, condições para tê-los cá. Os vestígios foram para Arouca porque segundos os regulamentos que existem, o Dr. Fernando Pereira, como arqueólogo responsável pelas escavações será sempre o responsável pelo património encontrado, até para memória futura e estudos futuros. Como não havia museu em Oliveira de Azeméis, nem museu em Arouca, criaram uma associação denominada Centro de Arqueologia de Arouca, cuja responsabilidade era dele e ficou à guarda dele. Agora, as peças já se encontram em Oliveira de Azeméis a pedido da câmara municipal. Sei de fonte fidedigna que todo o espólio que estava no Centro de Arqueologia de Arouca já estão no Arquivo Municipal de Oliveira de Azeméis. Está tudo registado”.  

 

 

Para Luís Filipe Oliveira as peças “ainda hoje se encontram em Arouca”
“A mamoa de Prazins é dos monumentos históricos mais importantes para a freguesia de Fajões. Quando a mamoa foi estudada pelo arqueólogo Fernando Pereira de Silva foram encontradas 199 peças pré-históricas (…) No meu tempo de presidente da junta preocupei-me muito com a mamoa, e a prova disso é o roteiro turístico elaborado na altura pela junta de freguesia da minha presidência. Logo na segunda página surge a mamoa de Prazins (…) Nessa época falei com o presidente da câmara, Ápio Assunção, para que se conseguisse recuperar todas as peças que estão em Arouca. As peças estão em Arouca porque a junta de Fajões da altura não se preocupou com esta questão e deixou que património tão importante da nossa freguesia fosse para lá. Elas ainda hoje se encontram em Arouca (…) Sempre pressionei o presidente da câmara, mas o que é certo é que as peças lá continuam”.

 

Mas afinal, o que é uma ‘mamoa’? 
“Trata-se de um montículo artificial de origem pré-histórica, composto habitualmente por uma câmara com esteios em pedra, podendo ter, ou não, um corredor de acesso, delimitado por uma couraça de pedra e coberto por um monte de terra e pedras. A sua função era servir de túmulo aos habitantes das comunidades pré-históricas”, explicou um arqueólogo da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, em declarações ao Correio de Azeméis.
Em 1988, o monumento foi estudado pelo arqueólogo oliveirense Fernando Pereira da Silva, pelo que foram encontradas cerca de 200 peças pré-históricas, tais como: artefactos em pedra geométricos, lâminas, lamelas, pontas de seta e fragmentos de cerâmica. Na altura, alguns desses vestígios da “construção sepulcral”, que documenta povoamento da freguesia de Fajões nos anos cinco mil a seis mil antes de cristo, foram transportados para o Centro de Arqueologia de Arouca. 

“É necessário acautelar os valores históricos de Oliveira de Azeméis”
Em entrevista à Azeméis TV/FM, Samuel Bastos Oliveira, presidente da Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis, e, também, ex-presidente da Junta de Freguesia de Fajões (1973/74), e intenso interessado pela história fajonense, referiu que “não houve qualquer preocupação por parte da câmara e da junta, na altura, por manter os vestígios no concelho”. “Ainda bem que este episódio serviu para alertar para esta riqueza, que é das poucas que há no nosso concelho”, afirmou. 
Samuel Bastos Oliveira considera que tem de existir uma ação por parte do pelouro da cultura da autarquia, de modo a reaver o “tesouro” para o município. “Oliveira de Azeméis tem de procurar preservar e defender os poucos vestígios que temos da história e da pré-história”, disse em entrevista à Azeméis TV/FM. “A história do presente não pode prescindir da história do passado”, concluiu. 
 

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