Por gralha que afetou o texto, republicamos a crónica da Arq. Ana Isabel da Costa e Silva publicada na semana passada
Ainda a propósito da Rua Professor António Costeira, considero-a uma rua bem traçada, que faz parte de um traçado de conjunto, no espaço envolvente, que lhe dá sentido. O problema será, certamente, o alinhamento das construções que, futuramente, se instalarão nas suas margens.
Reparem que o Lar Pinto de Carvalho considerou um afastamento considerável da construção ao eixo da rua, não sendo possível uma relação entre a rua e o edifício. Esta circunstância só parece ser uma solução aceitável devido ao declive acentuado do terreno.
No entanto, a construção de habitação plurifamiliar parece ser a tipologia de edifício que irá dominar aquela rua, segundo as recentes construções que apareceram na sua margem. O princípio de ocupação é a do prédio de rendimento, mas numa versão contemporânea: o proprietário vende o terreno em troca de uma habitação (T2 ou T3) no edifício, entretanto construído por outrem, na sua parcela.
A questão reside nas relações que estes edifícios farão ou deverão fazer com a rua. No caso em apreço a situação é paradoxal: o Lar Pinto de Carvalho, por exemplo, encaixa-se no terreno, não realizando qualquer relação com o espaço do passeio já existente. Simultaneamente, um edifício de habitação plurifamiliar, localizado na Rua Professor António Costeira, localizado em frente a um alargamento do espaço público, onde existe um pequeno jardim, o afastamento do edifício ao espaço do passeio chega a ser menor que o afastamento existente nos blocos habitacionais no denominado Bairro de Lações.
Além do afastamento do edifício ao espaço público, será importante considerar a relação que este edifício estabelece com as construções vizinhas, uma vez que, ao seu redor, construíram-se, há muitos anos, casas unifamiliares de dois pisos, com quintal e espaço exterior, tirando partido de alguma privacidade existente, pela igualdade de ocupação nas imediações. Com um edifício com mais de três pisos, em confronto com estas moradias, o que acontecerá a este pequeno bairro?
A mesma circunstância pouco agradável poderá verificar-se na relação das pequenas habitações unifamiliares localizados na Rua Domingos José da Costa e imediações com os edifícios de habitação plurifamiliar, construídos nos anos noventa, no antigo espaço da fábrica do Centro Vidreiro...
Passados tantos anos, estaremos a cometer os mesmos erros?
E os passeios? E o espaço público será o remanescente de todas as intervenções particulares? Qual será a estratégia de ocupação pretendida?
* Arquiteta, O. Azeméis
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