27 Jan 2022
CENTRO DE SAÚDE RECUSOU VISITA
Com a respeitável idade de 104 anos é muito natural que a senhora Laurinda Silva não se possa deslocar ao centro de saúde.
Precisa que o médico de família vá a sua casa. A senhora tem direito à qualidade de vida, a melhor possível no tempo que ainda lhe resta. Os seus familiares são mais felizes com a sua companhia. Lutam pela continuidade da sua vida com saúde. Todas as vidas são importantes. Muito importantes. A vida da senhora que já vive há 104 anos tem de certeza uma história rica, também de trabalho, que merece todo o carinho da sociedade. É com tristeza que damos notícia deste caso. Quero acreditar que a assistência médica não se deslocou à residência da paciente por motivos justificáveis, ou mesmo por imposição de normas. O que, a ser assim, fica-se a lamentar uma certa insensibilidade dos serviços e profissões que juraram dedicar-se a pugnar por cada vida.
EDUARDO COSTA, diretor
Laurinda Silva mora em Oliveira de Azeméis, tem 104 anos e, numa situação de “emergência médica” precisou de obter assistência ao domicílio, o que não conseguiu porque, segundo decisão da médica de família, a idosa encontrava-se em “condições para se deslocar ao centro de saúde mais próximo”. O caso foi reportado pela neta, Teresa Sousa, que considera a situação “lamentável”. “Que serviço de saúde temos que recusa a visita domiciliária a uma pessoa de 104 anos?”, referiu.
Segundo as informações a que o Correio de Azeméis teve a acesso, a idosa queixava-se de “falta de ar” e “pernas inchadas”. Assim, devido ao “stresse causado pelas idas ao hospital”, a neta, sua coabitante, tentou solicitar uma visita domiciliária por parte da Unidade de Saúde Familiar La Salette, pedido este que foi recusado. Depois de mais um dia com as mesmas queixas e com o agravamento dos sintomas, a família viu-se obrigada a chamar uma ambulância. A situação resultou no internamento da idosa no Hospital de Santa Maria da Feira.
Posteriormente, devido à complicação do estado de saúde, Laurinda Silva foi transferida para uma Unidade Hospitalar, em Gaia, onde continua internada, mas com algumas melhoras. “Não digo que fosse uma situação que não fosse acontecer, mas se tivesse tido o devido acompanhamento solicitado durante dois dias consecutivos e recusado, talvez não tivesse chegado a este ponto”, lamentou Teresa Sousa. Aos 104 anos, a idosa não regista nenhuma doença grave, mas a idade vai “pesando”, explicou a neta. “Acho que o Centro de Saúde tem a obrigação de agir de outra forma e prestar o devido apoio”, disse.
O Correio de Azeméis tentou contactar a Unidade de Saúde Familiar La Salette, mas sem sucesso.