22 Jul 2024
Ana Forte Costa começou a jogar basket na Oliveirense, foi treinadora de minibasquetebol e decidiu tirar o curso de árbitra para entender melhor as decisões que aconteciam durante os seus jogos
> Ana Forte Costa é árbitra internacional de Basquetebol
Ana Forte Costa é árbitra internacional e sonha chegar à Liga Masculina de Basquetebol. Começou a jogar basket na Oliveirense, passou por vários clubes como atleta, foi treinadora de minibasquetebol e decidiu tirar o curso de árbitra para entender melhor as decisões que aconteciam durante os seus jogos e para “poder contestar alguns lances com mais autoridade”.
Enveredar pela arbitragem foi uma forma de Ana Forte continuar ligada aos pavilhões e à modalidade, conforme a própria reconheceu no programa ‘Desporto em Análise’, conduzido por Hermínio Loureiro, na Azeméis TV/FM. A oliveirense faz ginásio para manter a forma física e prepara os jogos que vai apitar, estudando as equipas e os jogadores que vai encontrar. “Um bom árbitro é feito de preparação e muita dela é invisível”, defende Ana Forte.
Basket foi “amor à primeira vista”. “Desde pequena, eu era muito contestatária com os árbitros e sentia um distanciamento entre o que eu achava que devia ser a relação do atleta com o árbitro. Sentia-me muitas vezes frustrada com este distanciamento que era, muitas vezes, imposto. Decidi fazer o curso enquanto ainda jogava para tentar perceber o que era estar do outro lado e depois percebi que não é assim tão fácil e que existiam regras que eu desconhecia ao fim de dez anos a praticar a modalidade. Fui treinadora de minibasquetebol até que tive que decidir se queria apitar ou jogar. A escolha foi fácil e queria continuar a jogar. Terminei com 28 anos na Oliveirense. O curso deu-me muito jeito, porque já não reclamava tanto e já tinha outro entendimento do jogo."
O papel do árbitro. "Na arbitragem, se for formação, a parte pedagógica tem mesmo de existir. Nós e o treinador somos dois adultos que estamos a ajudar a criança a crescer naquele desporto. Eu como árbitra ensino-lhe as regras. Essa parte pedagógica tem de acontecer. Se for um jogo de seniores, a pedagogia continua lá, e às vezes temos a necessidade de nos justificar, mas presentemente e com a maturidade que fui adquirindo, não procuro o jogador. Se ele me vier procurar eu estou recetiva, mas às vezes naquele momento não é oportuno para falar, mas assim que possível falo com o jogador."
Apitar jogos masculinos ou femininos? "Eu estou num jogo como juíza, independentemente de ser rapariga ou rapaz eu estou a desempenhar um papel, recebo o mesmo que o meu colega, faço exatamente a mesma função. Se me pergunta se é exatamente igual apitar um jogo feminino ou masculino, não é, até pelas próprias caraterísticas físicas. Eu terei a mesma prestação e o mesmo compromisso. Para mim é irrelevante [apitar o masculino ou feminino] mas há algumas especificidades no masculino e no feminino que para mim são muito interessantes. No masculino, o jogo é mais espetacular em termos físicos."
Meios tecnológicos no basket. "É uma mais-valia. Não podemos banalizar o recurso à tecnologia. Eu como árbitra tenho, dentro de campo, de saber decidir. É uma excelente ajuda, mas não deve ser a decisão primária."
Objetivo: chegar à Liga masculina. "Quero chegar ao escalão máximo. Falta-me um patamar. Acho que nunca ninguém está preparado antes de lá chegar. É preciso coragem e um arcaboiço grande para lidar com as críticas, mas a parte competitiva de tantos anos trouxe-me isso. Se não fosse para chegar a esse patamar, se calhar já tinha desistido."