14 Mar 2023
Eduardo Costa*
O número de mulheres e homens é idêntico. É justificável, assim, que se imponham leis que se obrigue a que as mulheres ocupem os cargos de chefia na mesma proporção dos homens.
A semana passada, no dia anterior ao Dia Internacional da Mulher, o governo espanhol anunciou que 40 por cento desses lugares seriam obrigatoriamente ocupados por mulheres.
É elogioso. Mas, também lamentável ter que ser à força de leis que os homens cedam lugares de mando às mulheres. Afinal, a escolha devia recair exclusivamente nas competências e não no género.
Numa sociedade que defende a não discriminação por razões de religião, cor ou género, não devia ser necessário impor a discriminação para obrigar a escolher mulheres para chefias. Não se estará a respeitar o princípio da não discriminação. Mas, infelizmente tem que ser pela força. De outra forma, continuaremos a ver poucas mulheres em lugares de chefia.
Não me consigo alienar daquela afirmação que me fez à mesa do restaurante D. Tonho no Porto, há década e meia, um Procurador-Geral da República. Afirmou que as mulheres estavam a ganhar os concursos na justiça pois estes eram feitos por volta dos vinte e tal anos e que, nesta idade, as mulheres eram mais eficazes. “Esperem para ver quando tiveram mais dez ou quinze anos, o nível de abstenção vai paralisar a justiça”. Machismo puro? Eu achei que sim. E constato hoje que não vejo a justiça afetada pelo crescente número de mulheres juízas.
* jornalista, presidente da
Associação Nacional da Imprensa Reginal