23 May 2023
A moleira de Couto de Cucujães não seria a única vítima das cheias de 1879. Notícias publicadas nos jornais de então dizem-nos que, na manhã do dia 17 de Fevereiro, dois trabalhadores de Santiago de Riba-Ul ocupavam-se na reposição do passadiço de madeira arrastado pelas águas e que, no lugar da Vila Cova, permitia a ultrapassagem do Rio Ul, quebrando o isolamento da população. Uma operação difícil, mal sucedida, levou a que uma pesada trave estivesse na origem da morte de ambos.
Os registos dos óbitos lavrados pelo padre José Correia Dias de Almeida, reitor de Santiago de Riba-Ul, confirmam a tragédia. As vítimas foram Francisco da Silva, casado, de 53 anos, lavrador, natural da freguesia e vila de São Miguel de Oliveira de Azeméis, e Bernardo José da Costa, casado, de 61 anos, também lavrador, natural de Santiago, ambos residentes no lugar de Vila Cova, e, presumivelmente, grandes interessados na reposição da travessia, esteio da sua sobrevivência.
Francisco da Silva morreu no próprio local, não tendo, por isso, recebido os “Sacramentos da Santa Madre Igreja”. Bernardo José da Costa faleceria à uma hora da tarde, já na residência, “confortado com o Sacramento da Extrema-unção”. No funeral, ambos “tiveram acompanhamento e ofício de corpo presente de cinco padres e mais dois ofícios de igual número de padres”. Foi-lhes dada sepultura no cemitério paroquial.
Três, por conseguinte, as vítimas inocentes da tragédia de 1879. Impiedosamente ceifadas no posto de trabalho…
(Escrito de acordo com a anterior ortografia)