Evento marcou arranque oficial das visitas pastorais às 19 paróquias da Vigararia de Oliveira de Azeméis/São João da Madeira, liderada por padre José Manuel Lima
“A nossa Igreja não está a definhar, está a readaptar-se aos tempos”
Na sessão de apresentação das visitas pastorais à Vigararia de Oliveira de Azeméis / São João da Madeira, o bispo do Porto, D. Manuel Linda, afirmou que a Igreja vive “um tempo de reconfiguração e esperança”, rejeitando qualquer ideia de declínio e sublinhando que o espírito do Sínodo “pode e deve realizar-se também entre nós”, nas comunidades locais.
A cerimónia decorreu na paróquia de São João da Madeira e marcou o arranque oficial das visitas pastorais às 19 paróquias da vigararia. O encontro contou com a presença dos bispos D. Manuel Linda e D. Roberto Mariz, bem como do padre José Manuel, vigário da zona, que lançou o tom da noite, pedindo que este tempo fosse vivido com “fé, esperança e caridade”: “A visita pastoral é um tempo de comunhão e de conversão. Que cada paróquia se prepare com verdade, com carinho e com espírito sinodal”, enfatizou.
O bispo auxiliar D. Roberto Mariz destacou o valor das visitas como momentos de gratidão e comunhão: “A visita pastoral é um gesto de reconhecimento e de unidade. O bispo vem fortalecer a fé e agradecer o serviço generoso das comunidades. É um tempo de alegria, de encontro e de compromisso pastoral.”
No seu discurso, D. Manuel Linda retomou a tradição das visitas pastorais na história da Igreja, lembrando que os bispos são chamados “a sair das suas casas e ir ao encontro do povo de Deus”. Sublinhou, no entanto, que hoje a dimensão pastoral vai mais fundo do que a mera verificação administrativa: “As visitas pastorais são um tempo de ânimo. O bispo não vem fiscalizar, vem animar. Ninguém tem o direito de desanimar ou de ficar sentado à beira do caminho.”
Com entusiasmo, o bispo do Porto defendeu que a Igreja vive um momento de transformação, não de declínio: “A nossa Igreja não está a definhar. A nossa Igreja está a readaptar-se aos tempos. É um organismo vivo: ora navega na maré alta, ora parece retrair-se na maré baixa, mas continua viva e guiada pelo Espírito.”
Referindo-se ao Sínodo Universal, D. Manuel Linda insistiu que este caminho não se esgota nas assembleias de Roma, mas deve prolongar-se nas comunidades locais: “Terminámos o Sínodo Universal, mas o Espírito de Deus continua a trabalhar, a repensar a Igreja que queremos ser e a fé que queremos viver. Esse caminho pode e deve realizar-se também entre nós, nas nossas paróquias e dioceses.”
O prelado acrescentou que o Ano Jubilar da Esperança oferece uma oportunidade concreta para viver esse espírito sinodal e de renovação comunitária: “O Jubileu é um tempo de graça e de discernimento. Um convite à escuta, à comunhão e à esperança que nos faz permanecer unidos na fé.”
A sessão terminou com a oração do Jubileu, seguida da bênção final e de um cântico alusivo à esperança, simbolizando o arranque de um tempo de visita, proximidade e renovação espiritual para a Igreja diocesana.
“Cada visita pastoral deve ser preparada com o coração aberto. É um tempo de encontro entre o pastor e o povo, mas também um momento de conversão para todos nós. Queremos que este caminho seja vivido com alegria e fraternidade, não como uma obrigação, mas como uma oportunidade para crescer juntos.”
Padre José Manuel, vigário da Vigararia de Oliveira de Azeméis / São João da Madeira
“A visita pastoral é um momento de reencontro e de escuta. É a Igreja que se olha nos olhos e reconhece a beleza do muito que já faz. É um tempo de proximidade, onde o bispo vai ao encontro das comunidades, mas também se deixa evangelizar por elas. As visitas não servem para avaliar quem faz mais ou menos. Servem para agradecer, discernir e renovar a esperança.”
D. Roberto Mariz, bispo auxiliar do Porto
“Nenhuma comunidade está sozinha. O bispo visita não para ver o que falta, mas para descobrir o que o Espírito já está a fazer entre nós. O futuro da Igreja não se constrói com pessimismo, mas com esperança ativa. Mesmo quando o mundo parece indiferente, a fé continua a gerar vida. É belo perceber que, enquanto muitos pensam que a Igreja está a enfraquecer, o Espírito Santo continua a suscitar novas formas de comunhão, de missão e de alegria.”
D. Manuel Linda, bispo do Porto