“Boas contas” e “promessas por cumprir” fez debate subir de tom

PSD-CDS/PP PS Autárquicas 2025

Pedro Marques e Joaquim Jorge

> Debate entre os candidatos a presidente da Câmara pela AD (PSD/CDS) e PS

Um debate autárquico que juntou os dois candidatos com representação na Câmara Municipal — Joaquim Jorge (PS) e Pedro Marques (AD). O confronto foi intenso e prolongado, com trocas diretas sobre finanças, habitação, educação, economia, mobilidade, saneamento e grandes projetos.

Dando continuidade ao ciclo de debates promovido pela AzeméisTV, o  jornalista que moderou o debate, Eduardo Costa, abriu a sessão esclarecendo o formato: Este debate realiza-se com os candidatos dos partidos que têm representação na Câmara Municipal. Se fossem três, estariam três; se fossem quatro, estariam quatro. As intervenções alternaram entre a técnica e a crítica política. Joaquim Jorge destacou finanças equilibradas e investimentos em curso; Pedro Marques insistiu na falta de estratégia, nos atrasos e nas promessas incumpridas.
O debate passou pelo tema da educação, uma área em que ambos os candidatos reclamaram prioridade. Pedro Marques acusou o executivo socialista de falta de presença e de resposta às dificuldades sentidas nas escolas, enquanto Joaquim Jorge destacou os investimentos em curso e o reforço do ensino superior no concelho. Já a habitação foi apontada por ambos como um dos maiores desafios de Oliveira de Azeméis. Pedro Marques acusou o executivo de ausência de planeamento e de execução tardia, enquanto Joaquim Jorge afirmou que o município está a investir de forma consistente em novas respostas e requalificação de habitação social.
A importância da indústria, motor histórico da economia local, foi outro ponto de confront, com Pedro Marques a apontar falta de visão e incapacidade do município para expandir as áreas empresariais, enquanto Joaquim Jorge defendeu um conjunto de investimentos e requalificações em curso.
O futuro da Praça Maior e da Praia Fluvial 365 dividiu os candidatos. Pedro Marques apontou atrasos e mudanças de prioridade, enquanto Joaquim Jorge assegurou que as obras vão avançar e que o município já obteve aprovações essenciais para o arranque dos projetos.
A gestão da água e o contrato com a Indaqua foram dos momentos mais tensos do debate. Pedro Marques acusou o atual executivo de ter agravado os custos e retirado proteções aos consumidores, enquanto Joaquim Jorge explicou que o contrato segue regras fixadas e que não houve renegociação.
O equilíbrio financeiro da Câmara e a avaliação da gestão socialista nos últimos anos fecharam o debate, com visões completamente opostas sobre o desempenho do município.

 

Finanças e estratégia geral
“Transformámos a Câmara Municipal numa Câmara de boas contas, de boas práticas de gestão, uma Câmara que honra os seus compromissos e que orgulha todos os oliveirenses. Transformámos uma Câmara fortemente endividada numa Câmara de boas contas e de boas práticas de gestão, que honra os compromissos e orgulha os oliveirenses. É hoje um dos municípios do país com maior equilíbrio orçamental e com melhores resultados operacionais, uma autarquia com maior robustez financeira que honra os seus compromissos. Conseguimos reduzir a dívida herdada, estabilizar as contas e, ao mesmo tempo, manter um ritmo de investimento sem precedentes. O equilíbrio financeiro foi alcançado com rigor, planeamento e trabalho, sem recorrer a aumentos de impostos nem comprometer o investimento nas freguesias.” “Joaquim Jorge
“Parece que não é presidente da Câmara há oito anos. Em 2020 anunciou a Estratégia Municipal 2030, mas ninguém conhece o documento. Não há estratégia nenhuma. Fala-se muito em planeamento, mas a verdade é que a Câmara navega à vista. Continuamos com oito anos de promessas e não há uma obra estruturante concluída. O concelho precisa de visão e de prioridades claras, e não de discursos repetidos sobre boas contas.” 
Pedro Marques

Habitação
“Estamos a construir neste momento cinquenta habitações a custos controlados na Rua Bento Landureza e a recuperar fogos municipais degradados. Essa é uma prioridade porque a habitação é um fator de coesão social. Lançámos o programa de reabilitação de fogos municipais e temos candidaturas aprovadas no PRR para reforçar a habitação a custos controlados. Estamos também a criar incentivos ao arrendamento jovem e à reabilitação urbana, num esforço de fixar população. Encontrámos blocos completamente degradados e hoje temos edifícios requalificados e devolvidos à dignidade das famílias. É trabalho, não propaganda; fazemos mais do que anunciamos.” Joaquim Jorge
“Falou-se muito de habitação, mas os oliveirenses continuam sem soluções. O senhor presidente anda há anos a anunciar fogos, mas não entrega nenhum. É a política do anúncio: apresenta-se um projeto, tira-se uma fotografia e depois nada acontece. Basta comparar: cinquenta milhões em São João da Madeira, cinco milhões em Oliveira. Ficámos para trás. Fala-se em planeamento, mas não há execução nem resultados. Os fogos que o senhor anuncia estão prometidos há anos e ainda não há uma única chave entregue.” 
Pedro Marques

Educação e juventude
“A requalificação do parque escolar é absolutamente fundamental. Modernizámos as escolas, instalámos quadros interativos, climatizámos salas e melhorámos os espaços exteriores. Passámos para um modelo de inovação pedagógica onde se estimula a curiosidade, a criatividade e a ligação às empresas. Criámos programas de ligação das escolas às empresas e protocolos com centros tecnológicos e universidades. Preparámos o futuro e demos condições para que as novas gerações encontrem oportunidades no concelho. Investimos em equipamentos e também em pessoas — professores, técnicos, psicólogos e assistentes”

Joaquim Jorge


“Falta uma estratégia educativa e de juventude. Não há articulação com o ensino superior nem ligação ao mundo do trabalho. Fala-se em projetos, mas não há resultados concretos. Os jovens continuam a sair de Oliveira de Azeméis porque não encontram oportunidades. Enquanto o poder se limitar a cortar fitas, não haverá fixação de população. O concelho precisa de um plano para atrair talento e criar condições para os jovens ficarem.” 
Pedro Marques

Economia e zonas industriais
“Temos mais empresas do que tínhamos em 2010: nessa altura havia 7 300, hoje são 8 130. Isso demonstra a vitalidade do concelho e a confiança dos empresários. Estamos a expandir e modernizar as zonas industriais, com novas acessibilidades e terrenos preparados para investimento. Temos projetos em Loureiro e Pinheiro da Bemposta que reforçam a capacidade de acolhimento empresarial. Melhorámos acessos, saneamento e pavimentação em áreas que estavam abandonadas. Trabalhamos em proximidade com o tecido empresarial e garantimos celeridade administrativa. Isso é planeamento com rigor.

 Joaquim Jorge


“Continuamos a perder valências para concelhos limítrofes. Precisamos de uma verdadeira estratégia de desenvolvimento e não de medidas avulsas. Falta visão para o futuro. Os empresários queixam-se da demora nas licenças e da falta de acompanhamento. Enquanto isso, os concelhos vizinhos avançam e nós ficamos para trás. Há empresas que querem crescer e não conseguem porque a autarquia demora meses a responder. A burocracia continua a travar o investimento.”
Pedro Marques

Regeneração urbana e mobilidade
“Incluo a requalificação da rede viária e das infraestruturas ligadas às zonas industriais, às redes de água e saneamento. São investimentos que transformam o território e melhoram a qualidade de vida das pessoas. Estamos a preparar a cidade para ser mais acessível, moderna e segura. Há intervenções em todas as freguesias, com pavimentações, novas rotundas, arruamentos e iluminação pública eficiente. Nunca houve um volume de investimento público tão elevado em Oliveira de Azeméis. As pessoas reconhecem as melhorias que já são visíveis.” Joaquim Jorge
“Basta ver os prazos das principais obras: não há uma que tenha cumprido o orçamento, nenhuma que tenha cumprido os prazos. É um desastre de execução. Há obras que duram anos e obras que nunca acabam. Enquanto se fala em modernidade, há ruas esburacadas e obras eternas. Não basta remendar; é preciso planear a mobilidade elétrica, os acessos e garantir transportes públicos que sirvam todo o concelho.” 
Pedro Marques
 

O confronto direto entre Joaquim Jorge e Pedro Marques

Saneamento e água
“O contrato foi aditado para alargar o saneamento, mas a verdade é que retiraram a cláusula que impedia a Indaqua de aumentar as tarifas. Hoje temos uma das águas mais caras da região. Essa cláusula existia para proteger os consumidores e agora não existe, e os preços subiram. Estamos a falar das águas mais caras de toda a região. Alguma coisa aconteceu naquela renegociação, objetivamente prejudicando os oliveirenses. É um caso claro de má negociação e de falta de transparência. Enquanto o senhor presidente fala em rigor, os oliveirenses pagam mais todos os meses.” 
Pedro Marques

“Isso é mentira. O contrato está blindado. Há uma fórmula anual de revisão do tarifário que existe desde o início. Só a partir de 2024 é que podemos tomar decisões em relação à concessão. O contrato de 1997 foi altamente lesivo para Oliveira de Azeméis. O que fizemos foi corrigir e garantir investimentos que estavam por fazer, mantendo o controlo público. O contrato não foi renegociado; foi apenas aditado para permitir o alargamento das redes de saneamento e garantir o cumprimento de metas ambientais. Temos consciência de que a água é cara, mas estamos a trabalhar para que o serviço seja eficiente e justo.” 
Joaquim Jorge

Projetos estruturantes
Joaquim Jorge: A Praça Maior está com o projeto completamente desenvolvido. Obtivemos a autorização definitiva e estamos em condições de avançar com o procedimento concursal. A cidade precisa de um espaço central, moderno e com vida, onde as pessoas se encontrem. É uma obra pensada para os oliveirenses, com áreas verdes, estacionamento e zonas comerciais integradas. Foi lançado um concurso de ideias para o desenho da Praia Fluvial 365 e teremos condições de, em 2026, avançar com esse projeto. São passos concretos. Estamos a falar de uma intervenção que vai valorizar o rio, criar condições de lazer e atrair visitantes. Temos ainda o projeto da reabilitação do Cineteatro Caracas, da Casa das Associações e da requalificação do Mercado Municipal. Todos estes projetos estruturam o concelho para as próximas décadas.
“Continuamos à espera dessas obras e desses prazos. Andamos sempre a reboque e o município não cumpre o que promete. Basta ver os prazos das principais obras: nenhuma cumpriu prazos, nenhuma cumpriu orçamentos. É essa a diferença entre prometer e executar. Há oito anos a falar na Praça Maior e a verdade é que não há nada feito. A Praia Fluvial foi anunciada várias vezes e o terreno nem sequer está adquirido. O município vive de anúncios e de cartazes. As obras não saem do papel. Os oliveirenses estão cansados de promessas. Queremos uma autarquia que execute, não que anuncie.” 
Pedro Marques

Candidatura do vidro à UNESCO em destaque
O tema da candidatura do vidro de Oliveira de Azeméis a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO foi um dos momentos de maior simbolismo do debate, mobilizando argumentos sobre cultura, identidade e gestão de projetos, com Pedro Marques acusou o executivo de falhar na execução e de desperdiçar recursos, enquanto Joaquim Jorge defendeu o trabalho em curso e a importância de valorizar a tradição vidreira.
Para Pedro Marques, o atraso e a ausência de resultados ilustram uma gestão desorganizada e sem rumo; para Joaquim Jorge, trata-se de um processo sólido e em marcha, que reforça a identidade coletiva e o orgulho local. Ambos reconheceram o valor da tradição vidreira como elemento patrimonial e distintivo do concelho. 
“Passava também por classificarmos o vidro como património imaterial na tradição do vidro, mas continuamos à espera dessa candidatura à UNESCO. Houve um processo que foi desenvolvido, há uma empresa que levou sessenta mil euros, em 2022, para fazer o projeto da candidatura. Esse dinheiro foi gasto e nós não encontramos nenhum projeto disponível, nem sequer a candidatura. Depois houve necessidade de contratar novamente outro serviço, desta vez à Universidade da Beira Interior, para tentar dar andamento a esse processo. É uma realidade que andamos a gastar dinheiro e não sabemos bem onde é que ele está a ser gasto. Falta transparência e não há resultados. Continuamos à espera dessa candidatura à UNESCO e a realidade é que não há projeto apresentado. É mais uma promessa por cumprir.” 
Pedro Marques

“O concelho de Oliveira de Azeméis tem uma tradição vidreira com décadas, que queremos valorizar. Estamos a requalificar o Centro Interpretativo do Vidro e, ao mesmo tempo, a avançar com a candidatura a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO. Tivemos de resolver problemas deixados por trás, como a devolução de meio milhão de euros de fundos e um litígio de seiscentos e cinquenta mil euros com a empresa responsável pela obra anterior do Centro Interpretativo do Vidro. Estamos a pôr tudo em ordem para que o projeto siga o seu caminho. Esta é uma aposta que integra a nossa estratégia cultural, tal como fizemos com o Pão de Ul. Acreditamos que o património é um fator de identidade e de desenvolvimento económico. Estamos a trabalhar com universidades e especialistas para garantir que a candidatura tenha base científica e cultural sólida. É um processo que leva tempo, mas que está a ser feito com seriedade.” 
Joaquim Jorge
 

 

> Candidatura da Tradição vidreira a Património Imaterial da Humanidade

PSD levanta suspeição sobre a contratação da empresa

Na sequência, da conferencia de imprensa do Presidente da Câmara Joaquim Jorge (ver pág.10), candidato a um terceiro mandato pelo PS, a Comissão Política da secção do PSD de Oliveira de Azeméis, em comunicado enviado à nossa redação, diz que “é altura de falar claro e abordar uma suspeição que o nosso candidato, Pedro Marques, referiu no último debate, mas que Joaquim Jorge fingiu não ter ouvido” (debate na Azeméis TV, reproduzido nas pág. 6 e 7).
Na sua acusação o PSD afirma que o Partido Socialista de Oliveira de Azeméis tem contado, nas suas campanhas eleitorais, com o apoio da empresa Omnisinal”.
Continua o comunicado: “referimos, em particular, à contratação de uma empresa para preparar a candidatura da tradição Vidreira de Oliveira de Azeméis a Património e Imaterial da UNESCO”.
“É uma situação grave comprometedora e que merece, essa sim, um verdadeiro esclarecimento”, concluem os Sociais Democratas, afirmando “que é uma situação grave e comprometedora e que merece, essa sim, um verdadeiro esclarecimento”, e que este tem sido pedido pelo PSD na assembleia municipal, sem resposta por parte do executivo.
Acusando a câmara municipal de” indícios claros” de “manipular” o procedimento de contratação pública, o PSD revela no referido comunicado que a câmara municipal consultou quatro entidades para a candidatura da tradição vidreira a Património Imaterial da UNESCO: Omnisinal, Sempercom e H2Com, e uma gráfica. Afirma o PSD que a três empresa tem ligações às mesmas pessoas: Custódio Oliveira, filho André Oliveira e Carlos Alberto Cardoso, “colobarorador habitual nos eventos organizados pela Omnisinal, e que a empresa contratada foi a Sempercom.
O comunicado do PSD conclui que “este contexto demonstra o que se passou na nossa câmara municipal não foi um erro isolado, mas sim uma prática replicável” “Joaquim Jorge passou oito anos a usar o passado como arma de arremesso político, mas como se vê desde os primeiros meses do seu mandato, é ele quem tem violado as mais elementares regras de transparência e da contratação pública”.

 

> Em nota de esclarecimento enviada ao correio de azeméis

Câmara responde que são disputas eleitorais

O Correio de Azeméis solicitou à câmara municipal o exercício do contraditório à suspeição levantada pela comissão política do PSD.
Na resposta, o executivo municipal liderado por Joaquim Jorge, que se recandidata a um terceiro mandato pelo PS, afirma que “ acusação feita pela candidatura da AD, com intenção claramente eleitoral, é particularmente grave porque atenta contra o bom nome da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, pelo que será convenientemente esclarecida no local próprio”, relevando que “o bom nome da câmara municipal não pode, nem deve, ser envolvido em disputas eleitorais”, concluindo que no processo de aquisição das antigas instalações dos lacticínios de Azeméis, futuros estaleiros municipais, também despoletadas por razões meramente eleitoralistas, o Ministério Público [arquivou o processo].

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