8 Mar 2025
Na foto, da esquerda para a direita: Ana Margarida Ramalho, Odete Roma, Fanny Martins, Filipa Santos, Helena Terra, Ana Isabel da Costa e Silva e Joana Barbosa.
Moderado por Helena Terra, seis mulheres (Ana Isabel da Costa e Silva, Ana Margarida Ramalho, Fanny Martins, Filipa Santos, Joana Barbosa e Odete Roma) debateram sobre ‘O Papel da Mulher na Sociedade’
Celebrado no dia 08 de março, o Dia da Mulher remonta a 28 de fevereiro de 1909, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América. Essa foi a primeira vez que foi organizado esse dia. Depois de vários anos a ser celebrado com data incerta, no dia 08 de março de 1975, as Nações Unidas instituíram esse dia, como o Dia Internacional da Mulher.
O Grupo Correio de Azeméis decidiu promover um painel de conversa, moderado por Helena Terra e composto por mais seis mulheres: Ana Isabel da Costa e Silva, Ana Margarida Ramalho, Fanny Martins, Filipa Santos, Joana Barbosa e Odete Roma, de forma a falar sobre ‘O Papel da Mulher na Sociedade’.
“Acho que é importante realmente celebrarmos este dia, mas eu acho que nos estamos a esquecer de alguma coisa, porque sinto, e não tenho assim muita idade, mas com a idade que já tenho, sinto sempre, que parece que se está a perder alguma coisa. E acho que de facto as políticas deviam ser diferentes ao nível da educação, porque os meninos no jardim infantil deviam ter acesso a outras formas de estar, a outras formas de se relacionarem, de pensarem os problemas, de pensarem o respeito e pela igualdade que deveria existir entre todos. A escola está a promover a excelência, acho muito bem, mas também temos que promover a excelência ao nível de respeito, na igualdade por todos e estes temas às vezes ficam um bocadinho perdidos.”
Ana Isabel da Costa e Silva, arquiteta
“Eu acho que mesmo que tivéssemos adquirido tudo o que nós queremos, toda a igualdade, tudo, continuaremos sempre a celebrar [o Dia da Mulher].Porque a mulher é o ventre do mundo. A mulher é o colo, é o ventre, é tudo isso. E só por isso já vale ser celebrada, sempre.”
Ana Margarida Ramalho, escritora e professora de música
“Cada vez mais existem cargos de liderança e de chefia nas empresas que são ocupadas por mulheres. E curiosamente os dados dizem que essas empresas têm muito mais sucesso e há este reconhecimento. Porquê? Porque nós temos esta potência bonita de conseguir trazer a parte cognitiva, a parte intelectual, mas também a sensibilidade. (...) Agora, eu também acho que é importante o equilíbrio. E eu sou muito apologista disto, porque às vezes quando nós mulheres reivindicamos o nosso direito, parece que estamos a colocar em causa todas as potencialidades do universo masculino. (...) Há aqui um conjunto de elementos que tem que ser trabalhado para conseguirmos esta igualdade sem haver aqui um desequilíbrio, porque homens e mulheres são necessários.”
Fanny Martins, terapeuta
“Nós mulheres que temos a dádiva de poder dar vida, de poder gerar vida dentro de nós, durante a gravidez, o nosso coração aumenta de tamanho, fisiologicamente. Para quê? Para poder bombear mais sangue para o ser que está a nascer dentro de nós e a crescer. Então eu acho isto incrível e eu vejo a mulher assim, com uma competência enorme de bombear a humanidade.”
Fanny Martins, terapeuta
“Confesso que me deixou triste agora esta última frase que a Helena [Terra] disse de que as mulheres têm que agarrar as oportunidades e quando as agarram é para fazerem bem. Concordo, mas porquê é que as mulheres têm que ter menos oportunidades? Porquê que a mulher tem que lutar mais do que um homem? Para se fazer mostrar, para mostrar aquilo que consegue fazer é aí que eu quero chegar. É isso que ainda me entristece um bocado nos dias de hoje mas felizmente temos mulheres nesses cargos, mulheres que são bons quadros na política e nas suas empresas, nos seus empreendedorismos.”
Filipa Santos, presidente da JSD
“Eu acredito que a luta é contínua e, portanto, devemos continuar este caminho até atingir a meta da igualdade. Na minha ótica, acho sim que este dia é importante, no sentido que reenforça todas as mulheres das suas capacidades e dos seus direitos até agora adquiridos, mas também daqueles que ainda faltam adquirir e, portanto, acredito que cabe-nos a nós [mulheres], perpetuar a luta numa sociedade que eu costumo dizer desenhada por homens e feita para homens.”
Joana Barbosa, membro da concelhia da JS
“Nunca houve uma ministra da Economia ou das Infraestruturas. Sinto que esta questão da igualdade tem sido um bocadinho mascarada pela figuração feminina na Assembleia da República. Mas a verdade é que ainda há um certo machismo associado às mulheres na política. Porque estas pastas, consideradas pastas mais difíceis, aquelas que são importantes, são deixadas ao encargo dos homens. É muito difícil uma mulher conseguir chegar a essas pastas, tendo ela as mesmas competências, se calhar até podendo ser mais competente que os homens que estão lá a efetuar esse trabalho. É só um pequenino exemplo de pastas que não são deixadas ao encargo das mulheres, que ficam normalmente com as chamadas pastas mais soft, como é o caso da pasta da Cultura, que é sempre ocupada por uma mulher”
Joana Barbosa, membro da concelhia da JS
“Eu nasci em 1946. (...) Eu, para casar com o meu marido, tive de pedir autorização e veio em Diário da República a autorização para me casar. Portanto, era assim a vida das mulheres. Quase tudo lhes era vedado. O pouco que nós podíamos fazer, além de a vida caseira e pouco mais, era um bocadinho difícil. Encontrávamos sempre barreiras. Não digo que neste momento as barreiras tenham sido todas dissipadas . Ainda há muitas, muitas para derrubar. Por isso eu acho que o dia da mulher deve continuar a ser celebrado e mais, ser manifestado. Celebrar era se nós tivéssemos já todos os direitos do nosso lado.”
Odete Roma, presidente da USOA