Coluna Liberal (IL)

Opinião Política Iniciativa Liberal

> Ricardo Campelo Magalhães

Ferreira de Castro e o Espírito da Liberdade: Parte 2
Ferreira de Castro não encarava a liberdade apenas como uma ideia abstrata ou tema literário, mas como uma ação concreta e transformadora. Ao longo da sua vida, comprometeu-se com a promoção do conhecimento e da cultura como ferramentas de emancipação. Esse compromisso materializou-se na fundação de duas bibliotecas públicas que ainda hoje são símbolos vivos do seu legado: a primeira em Oliveira de Azeméis, inaugurada em 1952, e a segunda em Ossela, construída em 1973 junto à casa onde nasceu.
Na biblioteca de Oliveira de Azeméis, Ferreira de Castro doou mil livros da sua coleção pessoal e envolveu-se diretamente na sua organização, com o apoio da comunidade. O ambiente político da época era hostil à livre circulação de ideias, e não é por acaso que agentes da PIDE marcaram presença discreta na inauguração — a cultura livre, num regime autoritário, sempre representou uma ameaça. Já a biblioteca de Ossela foi uma oferta simbólica ao futuro: entregou a chave a uma criança, afirmando que desejava ver o povo da sua terra mais culto, lembrando as dificuldades que enfrentou na infância por não ter acesso a livros.
Estes gestos confirmam que, para Ferreira de Castro, a liberdade também se construía no plano coletivo, através do acesso democrático ao saber e da criação de espaços para o pensamento crítico. A sua visão não se limitava à denúncia política ou à crítica literária — era um projeto de cidadania ativa, que legava à sua terra não só livros, mas uma forma de estar no mundo: livre, curiosa e solidária.
Por isso, não é exagerado afirmar que Oliveira de Azeméis carrega essa marca até hoje. Não apenas como terra natal do escritor, mas como território onde as suas ideias deixaram raízes profundas. Quando se observa o crescimento da adesão local a propostas liberais contemporâneas — que valorizam a liberdade individual, a responsabilidade pessoal e a autonomia — não se trata de uma rutura com o passado. Pelo contrário, trata-se da confirmação de uma identidade que já existia.
Se o mais célebre cidadão de Oliveira de Azeméis foi um anarquista convicto, defensor da liberdade como prática diária, então essa cidade pode orgulhar-se de uma herança liberal que antecede os partidos e transcende os rótulos. A liberdade que hoje inspira novas gerações não nasceu ontem. Foi plantada com livros, com ideias e com coragem por alguém que acreditava, acima de tudo, que uma sociedade livre se constrói com cidadãos livres. 

Ricardo Campelo Magalhães, Coordenador do Núcleo de Oliveira de Azeméis da Iniciativa Liberal

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