Em
Correio de Azeméis

10 Jan 2024

Concelho em tempo de aniversário

António Magalhães

António Magalhães *

O concelho de Oliveira de Azeméis completou 225 anos de vida. 5 de Janeiro de 1799 é dia grande da nossa história, perpetuando a data de nascimento do concelho. Uma emancipação penosa, pois tornou-se necessário lutar contra os poderosos senhores das Terras da Feira. Segundo um texto há muito publicado por Manuel Mendes Tarrafa, que, com o pseudónimo Manuel Mentarfa, deixou vasta obra publicada, teria havido uma outra tentativa: em tempo do Rei D. Pedro II, nosso rei de 1683 a 1706, por conseguinte cerca de um século antes da nossa efectiva independência, foi-lhe dirigida uma não atendida súplica.
Em 5 de Janeiro de 1799 Oliveira de Azeméis seria, naturalmente, uma povoação essencialmente rural. A Norte, entrava-se pela Farrapa, um caminho que, onde se situa o Pingo Doce, ultrapassava num pontão rudimentar o ribeiro hoje canalizado; seguia-se pela actual Zona Industrial até junto do Senhor da Campa, entrava-se em Couto de Cucujães pela multissecular Ponte da Pica.
A Sul chegava-se pela Portela – topónimo que significa entrada – adiante estão as Aldas, o Alméu, atravessava-se o Antuã numa ponte onde um rei em perigo ergueu o Senhor da Ponte… e daí por Travanca até às terras medievais da Bemposta.
A jovem vila de então seria pouco mais que um povoado ao longo da velhinha Rua Direita, um trajecto a que correspondem hoje, aproximadamente, as Ruas Bento Carqueja, António Alegria e Cruzeiro. Mas a hoje Praça Dr. José da Costa, então Praça dos Vales, era já centro de um mercado semanal, ao domingo, para onde se dirigiam multidões desde a beira-mar até à serra. Velhos escritos dizem que se negociavam semanalmente cerca de quarenta carros de milho, então principal alimento da população e do muito gado. Correspondendo um carro de milho a 40 alqueires e pesando cada alqueire cerca de 15 kg, conclui-se que por aqui se comerciavam dominicalmente 24 mil kg, isto é, 24 toneladas… conduzidas em carros de bois e carroças.
A promovida vila de Oliveira de Azeméis teria já alguma capacidade económica, pois aqui se ergueu, entre 1719 e 1726, por conseguinte sessenta e alguns anos antes da emancipação, a nossa imponente Igreja Matriz, considerada ainda hoje uma das mais vastas e melhor concebidas da região, avultando um escadório que, decorridos três séculos, aparece referenciado frequentemente em exigentes revistas de arquitectura. E ao longo do trajecto situavam-se já solarengas casas trabalhadas artisticamente no melhor granito – as casas dos Corte Real e dos Sequeira Monterroso, que albergavam famílias da melhor nobreza da região. Aqui a dois passos, no Côvo, a produção do vidro era referência nacional.  
Desse tempo será também a famosa “Casa Amarela”, berço de António Alegria em 1835; foi prisão de criminosos e residência do carcereiro; mais recentemente acolheu o Grémio da Lavoura; o inesquecível oliveirense Dr. Dulcídio Alegria quis dar-lhe nobre destino… mas aqui mora, talvez, o maior nojo da cidade.  

 

(Escrito de acordo com a anterior ortografia)

Partilhar nas redes sociais

Comente Aqui!









Últimas Notícias
Agenda para este sábado, 18 de janeiro
16/01/2025
Já há data para o 17º Concurso Internacional de Instrumentos de Sopro
16/01/2025
'Mufasa: O Rei Leão' no TeMA
15/01/2025
Centro de Estudos Ferreira de Castro promove 'A Casa de Marreta'
15/01/2025
Instituições do concelho voltam-se a reunir em S. Roque
15/01/2025
AIMA impede Saunders de continuar na Oliveirense
15/01/2025
Criança está desaparecida depois de ter saído da escola
14/01/2025
Trabalhar Para Mudar
14/01/2025